Cooperativas melhoram gestão e sofrem menos com a crise |
27/02/06 O ano de 2005 foi muito difícil para o agronegócio. A seca em várias regiões do país provocou perdas significativas em todo o segmento produtivo. Aliado a isso a defasagem do dólar que despencou para menos do que R$ 2,20, afetou os ganhos com a exportação. O cenário, realmente, foi nebuloso. Mas, apesar de todos os problemas, há motivos para comemorar. Um deles é a crescente profissionalização do agronegócio. Isso fica evidente quando se analisa o resultado obtido pelas cooperativas. “O segredo é a gestão do negócio”, diz o presidente do Sindicato das Empresas de Consultoria, Assessoria, Perícias e Contabilidade (Sescap-Ldr), José Joaquim Ribeiro. Ele cita como exemplo as cooperativas agrícolas que estão fechando seus balanços e distribuindo os lucros para seus cooperados. “Nos anos 90 muitas cooperativas estavam endividadas. Algumas chegaram a fechar devido ao mau gerenciamento dos recursos. Isso está mudando. As cooperativas estão profissionalizando seus negócios e o resultado disso é que, mesmo com um ano tão ruim para o agronegócio, como ocorreu em 2005, elas estão com as contas em dia e distribuindo resultados para seus cooperados”, comenta ele. “A profissionalização na gestão deve ser aplicada em qualquer empreendimento”, analisa Ribeiro. O superintendente da Cooperativa Integrada, de Londrina (PR), Jorge Hashimoto reforça dizendo que acabou a era do paternalismo na cooperativa. “A margem de lucro no agronegócio é pequena, por isso precisamos de escala”, esclarece Hashimoto. No ano passado a Integrada faturou R$ 793 milhões, 18% menos do que no ano anterior. Mesmo assim os cooperados têm dinheiro em caixa. A cooperativa anunciou, no último dia 17, que as sobras do exercício foram de R$ 5,1 milhões. Metade será destinada a investimentos e o restante será distribuído aos 5 mil cooperados. “Isso só foi possível porque as cooperativas estão se modernizando e aplicando um verdadeiro choque de gestão. Essa modernização tem feito com que as cooperativas passem a investir também em industrialização dos produtos que recebem de seus cooperados, criando uma nova e importante fonte de receita”, explica Ribeiro. A Coamo Agroindustrial Cooperativa de Campo Mourão é outro bom exemplo. Em 2005 a cooperativa contabilizou receitas globais de R$ 2,93 bilhões e sobras no montante de R$ 202,21 milhões. O professor e ex-presidente da Cooperativa Cativa, Paulo Chiararia, diz que as cooperativas têm um papel importante no agronegócio da região. “Muitas vezes a cooperativa é a única solução para o agricultor. A cooperativa tem alto poder de barganha e beneficia o produtor que precisa comprar insumos para suas lavouras”, diz Chiararia. Segundo ele, a crise no agronegócio está afetando todo o setor, porém as cooperativas que estão diversificando seus negócios e partindo para a industrialização de alguns produtos são menos afetadas. Outra tendência, comenta ele, é a união de forças entre as cooperativas. “A Cooperativa de Rolândia (Corol) faz uma parceria com a Valcoop de Londrina nos segmentos de café e cana-de-açúcar, que tem dado bons resultados para ambas”, afirma Chiararia. Redação Fonte: Folha de Londrina |