Cooperativas ganham com café, cana-de-açúcar e frutas

29 de dezembro de 2005 | Sem comentários Comércio Cooperativas
Por: DCI por









As culturas de
cana-de-açúcar, café e frutas
devem continuar em ritmo ascendente no próximo ano. Em 2005, as quedas na
receita que atingiram grande parte das cooperativas agropecuárias,
principalmente de grãos, já passaram longe das três culturas. Segundo o
presidente da Organização de Cooperativas Brasileiras (OCB), Márcio Lopes de
Freitas, esses segmentos conseguiram resultados acima das outras e escaparam de
perdas, principalmente por conta de quebras na safra e valorização do real
frente ao dólar.

Ao lado do lucro, está a Valexport, cooperativa de
produtores e exportadores de frutas e hortigranjeiros do Vale do São Francisco,
que espera um aumento de pelo menos 25% sobre a receita apurada no último
ano.

Segundo o presidente da Valexport, José Gualberto, o incremento na
receita deverá garantir à cooperativa um retorno à posição que se encontrava em
2003. “O ano passado foi muito ruim, com muitas chuvas e nós perdemos cerca de
25% em relação ao ano anterior. Com certeza já recuperamos essa perda e espero
que no fim do ano seja ainda superior.”

Lopes, da OCB, atesta os ganhos
da cooperativa. “As frutas do Vale do São Francisco já conquistaram o mercado
europeu e chegaram à Inglaterra, conhecida por ser o mais exigente do mundo.
Quem vende para a Inglaterra, vende para qualquer lugar.”

Para 2006, a
intenção da Valexport é continuar em ritmo ascendente. “Poderemos ter um
crescimento na área e nossos pomares estarão mais velhos e, conseqüentemente,
mais produtivos. Queremos intensificar nossa posição na Ásia e crescer nos
nossos mercados tradicionais, como Estados Unidos e Europa”, afirma
Gualberto.

O presidente da Valexport acrescenta ainda que a aposta da
cooperativa para os próximos anos é a uva sem semente. Segundo ele, a produção
da fruta pode aumentar em até 30% para atender ao exterior. “Esse é um produto
nosso que vem se impondo com muita força no mercado
internacional.”

Castrolanda

Já a cooperativa paranaense
Castrolanda, de produtores de grãos, leite e suínos, está do lado dos prejuízos
e estima uma queda de até 30% na sua receita em relação aos R$ 14 milhões
alcançados em 2004, para cerca de R$ 10 milhões este ano.

Além disso, a
direção não nutre grandes expectativas para o próximo ano. Segundo o presidente
Franz Borg, 2006 deve ser o ano da ‘ressaca’. “Esse ano que passou foi muito
complicado, com ondas de perdas. Nos grãos, plantamos com o dólar a um preço e
vendemos a outro muito menor, que provocou rentabilidade negativa, além de
passarmos por uma quebra de safra. No leite, tivemos um bom primeiro semestre,
mas no segundo, os preços caíram e tivemos o problema com a aftosa. A doença
também prejudicou os suínos, que perderam mercado no exterior e foram
direcionados para o mercado interno. O excesso do produto depreciou os preços e
provocou mais perdas.”

Borg acredita que a solução será cortar gastos de
onde for possível. “Não é um ano para investir. Agora, entramos em um dos ciclos
de baixa do agronegócio depois de crescer muito nos últimos dois, três anos e
que o produtor investiu tudo o que podia. Essa é a hora de deixar o barco
correr.”

Segundo dados da OCB, o cooperativismo agrícola pode sofrer uma
queda na receita de R$ 7 bilhões em relação ao ano passado, quando o faturamento
do setor chegou a R$ 60 bilhões. Ainda segundo a associação, apesar disso, as
exportações devem se manter na faixa dos US$ 2 bilhões nesse ano, tanto por
conta dos produtos em alta (cana, café e frutas), como pela agregação de
valor.

“As cooperativas aprenderam a agregar valor ao produto, o que
possibilitou manter a receita com exportação. Os cooperados estão atendendo as
necessidades dos consumidores, e esse processo deve se intensificar ainda mais”,
diz Lopes, que acredita ter sido essa, a grande vitória do setor em 2005. “Esse
processo de agregação de valor aproximou o produtor do consumidor, e essa é a
função primeira da cooperativa. A crise criou uma oportunidade para o setor
evoluir.”

Para 2006, Lopes acredita que a tendência é a contínua ocupação
de espaços das cooperativas. “Deve ser um ano menos ruim para a agricultura, uma
vez que o produtor comprou insumos no câmbio baixo e pode ter uma margem de
lucro maior na venda. No entanto, ainda haverá resquícios de 2005, e o produtor
precisa manter o ‘pé no breque’. Ele deve aproveitar para economizar e
equacionar a sua renda com os financiamentos.”

As cooperativas
agropecuárias representam 17% do total de 7.355 cooperativas de 13 ramos
diferentes existentes no território nacional e representaram, em 2004, 33% do
Produto Interno Bruto (PIB) agrícola.

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