23/07/2009 – Depois da experiência frustrada no primeiro leilão de contratos de opção de venda de café, no dia 15 de julho, as cooperativas nos leilões de opções desta quarta-feira (22 de julho) enfim conseguiram coordenar-se e organizar-se para evitar ágios nos prêmios pagos. Ao contrário da outra semana, desta vez a estratégia funcionou bem. A avaliação parte de fontes de mercado e de corretoras, que preferiram não ser identificadas.
No leilão do dia 15, para 1 milhão de sacas, houve a tentativa das cooperativas de concentrarem as compras através de poucas corretoras. No entanto, assim mesmo, o prêmio de abertura de R$ 1,51 por saca acabou em R$ 9,50 a saca, com ágio de 526%. Isso porque o preço de exercício para novembro, de R$303,50 a saca, era muito atrativo, porque a oferta de 1 milhão de sacas foi considerada pequena, e pela demanda acentuada em um primeiro leilão destes na temporada. Outro fato importante é que ainda não havia a divulgação de quando seriam os leilões para as 2 milhões de sacas restantes deste programa de opções para um total de 3 milhões de sacas. Isso natural atraiu uma demanda maior de produtores que quiseram já garantir “de cara” a participação nas operações.
Nos leilões desta quarta-feira para oferta total equivalente a 2 milhões desacas, o prêmio de fechamento foi praticamente o de abertura, sem ágios, com prêmios de R$ 1,54 a 1,57 por saca.
Segundo corretores, as cooperativas voltaram a se coordenar operando com poucas corretoras para tentar limitar ágios. Também conseguiram baratear seus custos com corretagem, que usualmente seriam de cerca de R$ 1,50 por saca e acabaram ficando em R$ 0,30, como no primeiro leilão.
Corretores que não conseguiram entrar no leilão por essa suposta coordenação das cooperativas junto a algumas corretoras manifestaram sua indignação diante desse processo das opções. Uma outra fonte de mercado foi mais enfática: “Dessa vez quem teve vontade de botar nariz de palhaço fui eu!”
O analista de SAFRAS & Mercado, Gil Barabach, concorda que desta vez a coordenação das cooperativas funcionou. O fato de ter passado a experiência do primeiro leilão, da maior informação, foi fundamental para este êxito. “O fato do volume ser maior (2 milhão de sacas) e o tempo ter sido curto entre um leilão e outro contribuiu para essa melhor articulação dos compradores”, avaliou Barabach.
Em entrevista à Agência SAFRAS depois do primeiro leilão, o superintendente comercial da Cooperativa Regional de Cafeicultores em Guaxupé (Cooxupé), Lúcio Dias, admitiu ter havido uma coordenação das cooperativas para atuarem no leilão, até visando reduzir custos de corretagem. Entretanto, antes do leilão desta quarta-feira (22), o diretor presidente da Cooperativa dos Cafeicultores e Agropecuaristas de Franca (Cocapec), Maurício Miarelli, disse à Agência SAFRAS que não havia qualquer tipo de coordenação das cooperativas para se formular uma estratégia de atuação nos leilões.
Produtores chiam
Segundo corretores, muitos produtores chiaram após estes leilões da quarta-feira, de 2 milhões de sacas. A principal reclamação é a de terem pago exorbitantes R$ 9,50 a saca de prêmio nos contratos numa operação (do dia 15) para uma semana depois tal valor cair para pouco mais de R$ 1,50 a saca. Muitos destes produtores acabaram podendo participar só do primeiro leilão, porque estouraram já seu limite por produtor.
De acordo com um corretor consultado pela Agência SAFRAS, a falta de informação por parte do governo antes do primeiro leilão, de quando os outros leilões seriam realizados, acabou fazendo com que cafeicultores corressem com tudo para a primeira operação. Daí os ágios “absurdos”. Logo após o primeiro leilão, saiu o edital para as 2 milhões de sacas restantes em contratos negociados nesta quarta-feira (22), o que foi visto com estranheza por alguns integrantes do mercado. “Isso já devia estar programado antes”, afirmou um corretor.
O fato de que parte dos produtores foi com força ao primeiro leilão (gerando o ágio de mais de 500%) para depois ficar de fora das outras operações sem qualquer ágio indignou alguns cafeicultores, destacaram corretores consultados pela Agência SAFRAS. A culpa veio da desinformação ou falta de informação do governo.