Classificação
do café por peneira no Polo de Tecnologia em Qualidade do Café na UFLA
Por Fabio Alvarenga e Clayton
Grillo Pinto
Representantes
dos setores de classificação da Cooparaiso (Cooperativa Regional dos
Cafeicultores de São Sebastião do Paraíso) e da Cooxupé, (Cooperativa Regional
de Cafeicultores em Guaxupé) no sul de Minas, confirmaram nesta quarta-feira
(24) as informações de cafeicultores e técnicos da extensão de que os primeiros
lotes de cafés beneficiados desta safra apresentam grãos com peneiras inferiores
ao esperado.
Na
Cooparaiso, com base no recebimento de café dos cooperados até o momento, os
grãos com peneira 17 acima – grãos de bom padrão para o mercado – que somavam
22% no início da safra, encontram-se em 30% atualmente. Apesar da melhora, o
percentual ainda é considerado aquém do ideal. A situação é parecida com os
números apresentados pela Cooxupé: 22% de peneira 17 acima no início do
recebimento e 27% hoje. Para efeito de comparação, a média do café com peneira
17 acima recebido pela Cooxupé em 2012 ficou em 35%. No caso da catação, caiu de
27% para 20% na Cooparaiso, o que é positivo.
De acordo
com o Gerente de Classificação de Café da Cooparaiso, Daniel Pereira, os lotes
recebidos dos municípios de Itamogi, Monte Santo de Minas, São Tomás de Aquino,
Jacuí, Pratápolis, Passos, Bom Jesus da Penha, Piumhi e São Sebastião do
Paraíso, apresentam uma renda média de 50%, considerada normal para a região. No
entanto, em função das chuvas de junho e começo de julho, vem sendo observado um
alto percentual de lotes com problemas de bebida, agravados pela ocorrência de
rachaduras nos frutos maduros pelo excesso de umidade, que abrem portas para a
entrada de microorganismos maléficos.
Na área de
ação da Cooxupé, o coordenador de Classificação de Café da cooperativa, Luiz
Evandro Ribeiro, demonstrou a mesma preocupação com a bebida. Ele informou que a
cooperativa recebeu, desde meados do mês de maio, 35% do recebimento previsto
para este ano. Do montante, 35% se enquadra como café fino, de bebida dura para
melhor, 45% apresenta bebida dura/riada e 20% corresponde a bebida rio. Somados,
os dois últimos, com a bebida afetada, representam 65% do café recebido até
agora pela cooperativa, um número muito elevado para os padrões do café que a
Cooxupé recebeu nos últimos anos.
Neste
contexto, um fato que vem surpreendendo os classificadores da Cooxupé, que não
havia ocorrido até então, é a perda de qualidade de bebida em lotes recebidos
como cereja descascado (CD). “Com intuito de aumentar o volume de CD, alguns
produtores de determinados municípios abrangidos pela Cooxupé estão descascando
o café bóia e colocando junto para formar um lote maior do cereja”, informou
Luiz Evandro. Ele complementou. “Como o café bóia está estragando no pé devido
às chuvas, estão estourando xícaras durante a prova sensorial do CD”, explicou o
coordenador. Ainda de acordo com Luiz Evandro, a situação observada no Cerrado
Mineiro não difere muito da encontrada no sul do estado.
Grãos de
tamanho inferior nesta safra estão sendo observados, inclusive, em lavouras que
foram bem adubadas e bem manejadas. Portanto, a causa do problema está,
certamente, relacionada às condições climáticas ocorridas do período que
precedeu as floradas em diante. Quanto à bebida, a perda de qualidade deve-se à
ocorrência de chuva durante a colheita e ao manejo do café no terreiro, sendo
que a situação tende a agravar-se ainda mais, já que voltou a chover no sul de
Minas.