Francisca Stella Fagá Alianças estratégicas com cooperativas portuguesas começam a ser negociadas pelas cooperativas brasileiras, responsáveis por exportações de US$ 2,25 bilhões no ano passado, para alavancar as vendas para a Europa, seu principal mercado. O ponto alto das negociações está programado para o início de junho, na cidade do Porto, durante a Feira Internacional das Cooperativas (Ficoop 2006), promovida e organizada pela WTM Management , com apoio da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB). Do lado português, o evento terá apoio e participação de dois parceiros: o Instituto António Sérgio do Sector Cooperativo (Inscoop), órgão público de desenvolvimento do cooperativismo português, e a Confagri, uma espécie de interlocutora do governo português como representante do setor agrícola cooperativo e crédito agrícola. “Portugal tende a ser a grande porta de entrada para os produtos brasileiros no mercado europeu”. diz Márcio Lopes de Freitas, presidente da OCB. Além de produtos agrícolas das cadeias produtivas de soja, milho, carnes, café e açúcar, que lideram a pauta de exportações das cooperativas brasileiras, a OCB pretende aproveitar as negociações para estimular as vendas externas de serviços, com a mobilização das cooperativas de trabalho em diversas áreas de atividades, de artesanatos, principalmente do Nordeste, e de extração vegetal, como a de castanhas brasileiras. As alianças estratégicas que já começaram a ser negociadas pretendem que as cooperativas portuguesas passem a funcionar como distribuidoras de produtos brasileiros na Europa. Um dos principais alvos nos próximos meses será a promoção da intercooperação com as maiores cooperativas de consumo da Europa e compradores de produtos com economia social. Na fase preliminar de negociação do evento, dirigentes de cooperativas de vinho e cooperativas de granito confirmaram a participação na Ficoop 2006. E já estão programadas visitas técnicas às cooperativas de vinho portuguesas visando acordos para a troca de tecnologias e degustação. Márcio de Freitas disse acreditar que este ano será mais favorável que 2005 para as exportações brasileiras de produtos agrícolas. No ano passado, o câmbio foi desfavorável no período da compra de insumos e igualmente desfavorável no período da comercialização. Neste ano, prevê que isso não deve ocorrer de modo tão nefasto aos negócios, e também que a seca não deverá afetar negativamente a produção como ocorreu em 2005. Apesar da crise que afetou a produção agrícola no Brasil em 2005, as cooperativas registraram um aumento de 13% nas vendas externas, de US$ 2 bilhões em 2004 para US$ 2,25 bilhões em 2005. Em volume, no entanto, houve queda de 3%, de 7,1 milhões de grãos para 6.5 milhões em 2005. As exportações foram beneficiadas pela alta nos preços de café, açúcar e soja, os principais itens da pauta de vendas externas das cooperativas. No ano passado, o principal item da pauta de exportações das cooperativas brasileiras foi açucar, que representou 19% da pauta de exportações da categoria, com vendas de US$ 427 milhões, 60,4% a mais que as registradas em 2004. O segundo item mais exportado foram os produtos de soja, com vendas de US$ 267 milhões, 44,1% mais que em 2004. Produtos de aves ficaram em terceiro lugar, com receita de US$ 267 milhões. Café ficou em quarto, com receita de US$ 137 milhões. O objetivo da OCB, segundo Freitas, é estimular a produção e venda de produtos de maior valor agregado para ampliar ainda mais a pauta. Nos últimos cinco anos, a receita de exportações das cooperativas brasileiras multiplicou-se por quatro: saltou de US$ 759 milhões em 2000 para US$ 2,25 milhões no ano passado. A expansão, segundo ele, deve-se em grande parte ao aumento da diversidade da pauta de produtos, que já ganha peso em itens como móveis de madeira, bijuterias, calçados, têxteis, ferro e aço. Também influenciaram o resultado de 2005 o aumento da demanda por carne brasileira por problemas sanitários com tradicionais exportadores e a capacidade de as cooperativas se inserirem em novos mercado, diz. Feira no Brasil em São Paulo No ano passado, o principal destino das exportações das cooperativas foi a Alemanha, que importou US$ 238 milhões no período, seguido por Países Baixos, China e Rússia. Freitas conta também com as perspectivas de negócios que serão abertas com a terceira edição da Feira Internacional das Cooperativas, Fornecedores e Serviços (Fenacoop 2006), que será realizada entre os dias 18 e 20 de outubro no Centro de Exposições Imigrantes, em São Paulo. Em 13 ramos de atividade, as 7.319 cooperativas que operam hoje no Brasil respondem por 6% do Produto Interno Bruto (PIB), segundo estima a OCB. |