Cooperativas agropecuárias lideram nova onda de expansão industrial

20 de julho de 2010 | Sem comentários Comércio Cooperativas

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20/07/2010
 
Renovação agroindustrial

Cooperativas agropecuárias lideram nova onda de expansão industrial e querem aumentar sua participação do lado de fora da porteira 
  
Luana Gomes


Responsável por mais da metade da produção de grãos do Paraná, as cooperativas querem alcançar participação semelhante fora da porteira. Até 2015, o setor pretende concentrar 50% do parque agroindustrial do estado. Atualmente, pouco mais de um terço das agroindústrias paranaenses estão nas mãos do sistema cooperativista. Para elevar esse índice, a ordem é investir.


Levantamento da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar) mostra que 57% dos investimentos programados para 2010 devem contemplar essa área. Do total de R$ 1,01 bilhão planejado para este ano, R$ 579,26 milhões devem ser aplicados na melhoria e ampliação das agroindústrias cooperativas.


“Hoje os investimentos do sistema estão muito fortes, não só na industrialização, mas também em outras áreas. Quando uma cooperativa constrói uma nova agroindústria, não para por aí. Precisa aumentar sua capacidade de armazenagem, melhorar a logística de distribuição dos produtos… Então, uma coisa puxa a outra e todos os setores crescem juntos”, destaca o analista técnico-econômico da Ocepar, Robson Mafioletti. Para cada R$ 1 investido pelas cooperativas em agroindustrialização, R$ 0,75 são aplicados em outros setores como armazenagem e distribuição.


Com a ampliação do complexo agroindustrial, as cooperativas buscam agregar ainda mais valor a produtos já industrializados e ampliar a sua penetração no mercado varejista, afirma Mafioletti. Ele calcula que hoje entre 20% e 25% do faturamento das 82 cooperativas agropecuárias do Pa­­raná venham do varejo. Con­siderando que o sistema faturou no ano passado R$ 24,9 bilhões, a receita com as vendas ao consumidor final somou entre R$ 5 e R$ 6 bilhões.


Entre cortes de carnes bovina, suína e de frango, sucos, margarina, café e outros produtos, as cooperativas têm hoje cerca de 20 itens disponíveis nas gôndolas dos supermercados. “A ideia é ampliar esse leque, incluindo também produtos ainda mais industrializados, como nuggets de frango, pizzas prontas e pães, por exemplo”, explica o técnico da Ocepar.


A diversificação e a verticalização da produção cooperativista cria oportunidades aos associados, considera Lauro Soethe, vice-presidente da cooperativa Lar, de Medianeira, no Oeste do estado. “Se tivéssemos ficado só com produtos in natura, teríamos passado por muitas dificuldades nos últimos anos. A agroindustrialização é especialmente importante em regiões como a nossa, onde os produtores são pequenos, pois ajuda no processo de fixação do homem no campo. Nos últimos anos, conseguimos estancar o êxodo rural na nossa área de atuação”, relata.


O preço que o produtor recebe pela sua produção é sempre maior em regiões onde há agroindústrias, observa Mafioletti. “Se o mercado está pagando, por exemplo, R$ 35 pela saca de soja, o produtor que vender o grão para industrialização na cooperativa irá receber R$ 38”, compara. “Ganha o cooperado, que recebe preço melhor e aumenta sua rentabilidade; ganha a cooperativa, que agrega valor à produção primária e amplia seu faturamento, e ganha a sociedade, que tem mais emprego e aumenta sua renda”, diz.


Diversificando a própria estrutura vertical, as cooperativas geram mais empregos, mais impostos e promovem o desenvolvimento das economias locais, concorda o presidente da Copacol, Valter Pitol. A cooperativa de Cafelândia, no Oeste o Paraná, emprega mais de 5 mil pessoas, quase 30% da população do município, que soma 18 mil habitantes. “Mais de 80% da receita de Cafelândia vêm da cooperativa”, estima Pitol.


Gazeta do Povo

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