Desde a colonização de nosso país, produzir sempre foi a melhor
via para o avanço econômico. Seja com a extração de bens naturais, produção da
cana-de-açúcar, café, milho e
soja, seja com produtos manufaturados e industrializados, tecnologia ou outros
serviços. Nesse sentido, temos uma grande fronteira a ser desbravada. Ainda
estamos acanhados, como espectadores passivos que pouco fazem para interferir no
resultado da ópera.
Dados do Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento (Mapa) mostram, inclusive, que em 2004 a produção agropecuária
aumentou e o agronegócio foi responsável por 41,5% das exportações globais do
país. Os números são crescentes. A produção é cada vez maior, mais intensa. Em
contrapartida, a pirâmide de tal setor mostra que seu topo é ocupado cada vez
por menos gente.
As inúmeras cooperativas que produziam e serviam de
canal desenvolvimento de trabalhadores rurais e suas famílias estão
desaparecendo. Hoje, o que se vê são produtores enriquecendo às custas de largas
linhas de financiamento agrícola, com juros subsidiados. Guardadas as exceções,
as pequenas sociedades sofrem com o descaso e a falta de capacidade de se
recuperar. Falta crédito, mas falta também a educação, a reciclagem, a
re-adaptação do homem ao campo, a visão empreendedora. Pode-se pensar que os
grandes vilões dessa derrocada do sistema são os novos-ricos do agribusiness.
Não são eles, porém, os únicos responsáveis. Os culpados por esse quadro também
são os dirigentes malpreparados, administradores sem visão de negócio, os
sociocooperados sem espírito de cooperação. É mais fácil arrendar as terras para
um grande produtor do que empenhar-se em nelas produzir.
Para alguns
produtores que, mesmo com o revés do setor de produção rural cooperativista,
ainda resistem a esse fenômeno e persistem no sistema, há muito o que fazer. O
desafio não é só investir conseguindo créditos em larga escala e a juros
subsidiados como recebem os grandes barões, mas também (e principalmente) educar
o segmento. Afinal, o preparo dos corações e mentes dos sociocooperados é tão
importante quanto o da terra para o plantio. Em solo não adubado não floresce a
plantação. Em mentes vazias, desprovidas do conhecimento técnico e tecnológico e
nos corações desprovidos do calor do espírito da cooperação, não pode também
florescer o germe do desenvolvimento.
Daniel Augusto
Maddalena
Consultor especializado em
cooperativismo