ARTIGO | MAURÍCIO RUSSOMANNO*
Por trás da força do agronegócio brasileiro, está a capacidade das cooperativas em assegurar que pequenos e médios produtores sejam competitivos. A atividade agrícola é permeada por uma complexidade que vai além do círculo de influência dos agricultores. Os empreendedores rurais têm de enfrentar oscilações de mercado, barreiras comerciais, exigências impostas por selos e certificações, bem como deficiências na infraestrutura logística. Além disso, nenhuma outra atividade econômica está tão suscetível aos imprevisíveis e incontroláveis fatores climáticos como a agricultura.
No Brasil, o cooperativismo agropecuário tem participação ativa na economia brasileira. Dados consolidados pela Organização das Cooperativas do Brasil (OCB) apontam que esse segmento é responsável por 5,39% do Produto Interno Bruto (PIB) do país.
As mais de 1.548 cooperativas existentes são responsáveis, direta ou indiretamente, por quase 50% da produção agrícola nacional, considerando apenas trigo, soja, café, algodão, milho, arroz e feijão. No último ano, o setor empregou mais de 298 mil funcionários, o que representou um crescimento de 8,8%, de acordo com a OCB.
A balança comercial brasileira também é beneficiada pela força econômica das cooperativas. Em 2010, as exportações diretas desses organismos alcançaram um recorde: o volume de exportações somou US$ 4,4 bilhões. Com uma gestão cada vez mais profissional nas cooperativas, é natural que, em relação ao ano anterior, as exportações tenham crescido cerca de 10%.
Entre os diversos gargalos que produtores rurais enfrentam fora da porteira, está o déficit no armazenamento de grãos. Hoje, o Brasil produz cerca de 160 milhões de toneladas de grãos, enquanto os armazéns comportam menos de 140 milhões de toneladas. Essa defasagem causa prejuízos à atividade agrícola, pois compromete a comercialização e o abastecimento interno.
As cooperativas agropecuárias brasileiras têm força e poder para serem competitivas no mercado internacional. Nesse aspecto, atuam como grandes empresas. Mas, ao mesmo tempo, estão em contato direto com o produtor no campo, entendendo suas necessidades. Esse equilíbrio entre mercado e campo tornou as cooperativas agropecuárias brasileiras empresas admiradas e respeitadas no agronegócio.
*Vice-presidente da unidade de proteção de cultivos da Basf para o Brasil