Produtores de café no Brasil, o maior produtor do mundo, irão colher uma safra recorde para um período de bienalidade, de acordo com os produtores da cooperativa Cooparaíso.
A produção irá ser de 47 a 48 milhões de sacas na temporada de 2013-14, o que é um número mais baixo do que no anterior, que produziu 51 milhões de sacas, disse Francisco Ourique, gerente da cooperativa de São Sebastião do Paraíso (MG), durante uma entrevista realizada ontem em Londres.
As flutuações do café entre um ciclo normal e um ano de bienalidade têm diminuído por conta das novas técnicas de manejo e condução além de adensamento das lavouras. Enquanto o maior índice de queda para uma bienalidade é de cerca de 30%, a produção nesta temporada pode cair 7,8%, de acordo com a Cooparaíso. Na última bienalidade, ela caiu 10%, de acordo com o Conab.
“As pessoas estão atribuindo a redução no ciclo bienal de um recorde histórico de 30% para 10% ao que a gente chama de colheita zero”, disse Ourique. Colheita zero é uma técnica de poda que permite que os produtores mantenham uma produção média constante, que, junto com a plantação de mais árvores por hectare, permite flutuações menores de um ano para outro.
No entanto, a flutuação reduzida no Brasil durante o ciclo devido a essas novas técnicas também podem ser consideradas um “jogo confuso”, segundo Ourique.
“Se eu tenho 4.000 árovres competindo pelo mesmo solo e o preço não paga para os fazendeiros aplicarem fertilizantes três vezes por ano, o resultado em um longo prazo pode trazer surpresas”, ele disse “Isso é porque o mesmo solo que teve 2.000 plantas por hectare teve toda uma base de nutrientes naturais e insumos aplicados. Agora se eu tenho 4.000-5.000 plantas por hectare, se eu não alimento elas, elas irão morrer. Hoje nós sabemos que, para a próxima colheita, poucas pessoas aplicaram insumos três vezes, a maioria fez isso duas vezes”. Portanto, Ourique afirma também que algumas flutuações já anunciadas podem continuar ocorrendo.
A demanda pelo café brasileiro irá provavelmente ser maior por conta dos torrefadores procurando preencher as lacunas deixadas pelos suprimentos das nações da América Central, que estão lutando contra ferrugem, uma doença que afeta as folhas do cafezal. “A produção do México até o Peru pode cair de 2 milhões para 4 milhões de sacas na temporada 2012-13, e mais danos podem ocorrer na 2013-14”, disse Ourique.
Tradução: Izadora Pimenta
Fonte: Bloomberg