A cooperativa, com sede em São Gabriel da Palha (ES), ainda continuará realizando a maior parte das exportações por meio de tradings, que continuarão absorvendo os maiores volumes.
SÃO PAULO (Reuters) – A maior cooperativa de produtores de café conilon do Brasil, a Cooabriel, realizou nos últimos dois meses as primeiras exportações diretas do produto, sem o intermédio de tradings, e vê um mercado crescente em 2020 que lhe permite esperar vendas totais maiores, superando as expectativas do ano, disse um executivo nesta quinta-feira.
A cooperativa, com sede em São Gabriel da Palha (ES), ainda continuará realizando a maior parte das exportações por meio de tradings, que continuarão absorvendo os maiores volumes.
Mas a criação um Departamento de Exportação na instituição indica a aposta em vendas diretas que podem garantir mais margem e valor aos cooperados, revelou o gerente corporativo de mercado da Cooabriel, Edimilson Calegari, em entrevista à Reuters.
“A gente sempre exportou indiretamente, oferecemos muito café pronto para embarque para as tradings Olam, Volcafé, Dreyfus…, mas essa foi a primeira feita diretamente”, afirmou Calegari. Segundo ele, a cooperativa contratou um especialista em comércio exterior e tem feito contatos com torrefadores for a do país.
Os primeiros negócios diretos envolveram o volume de 120 toneladas (2 mil sacas de 60 kg) de café tipo 6 peneira 13 acima, que é o padrão para exportação com excelente qualidade, segundo a cooperativa. O destino foi os Estados Unidos.
Do total negociado por ano pela Cooabriel, as exportações respondem por entre 30% e 40%, com o mercado interno absorvendo a maior parte dos volumes, contudo.
Ele explicou que a cooperativa está se organizando para fazer vendas diretas agora porque no passado as exportações do conilon eram menos intensas, dependendo da disponibilidade.
“Abria uma janela esporadicamente, e as tradings aproveitavam para negociar. Só que a produção foi aumentando no Brasil e o consumo interno não conseguiu absorver”, afirmou.
As exportações brasileiras de café robusta, também chamado conilon, atingiram 2,58 milhões de sacas no acumulado do ano de janeiro a julho, alta de 15% na comparação com o mesmo período do ano passado, de acordo com dados do Cecafé, o conselho dos exportadores do país.
O café conilon é mais intenso e tem mais cafeína que o arábica, a principal variedade produzida no Brasil. O produto é utilizado em “blends” pela indústria de torrefação e também para a produção de solúvel.
Além da maior disponibilidade, o gerente da cooperativa citou o câmbio, que muitas vezes deixou neste ano o produto do Brasil tão competitivo quanto o do Vietnã, o maior produtor global de café robusta.
“O câmbio está ajudando, a nossa moeda teve uma desvalorização maior que a do Vietnã, o nosso principal concorrente. Conseguimos vender pelo mesmo preço que o Vietnã vende, mas em real conseguimos transformar isso em valor maior”, destacou.
Uma safra menor neste ano no Espírito Santo, maior produtor brasileiro de conilon, sustentou os preços e ajudou a disparar vendas dos produtores, acrescentou Calegari.
MAIORES VENDAS
A Cooabriel, com atuação no Espírito Santo e Bahia, registrou uma queda de quase 15% nas entregas do produto em 2020 na comparação com 2019, citando anteriormente uma quebra da safra capixaba.
Mas o mercado aquecido deve fazer as vendas da cooperativa, incluindo no mercado interno, aumentarem em 2020, relatou o executivo, citando ainda que a pandemia acabou resultando em uma colheita mais lenta, mas de grãos maduros em sua maioria, o que beneficiou a qualidade.
“Ano passado, recebemos 1,67 milhão de sacas e comercializamos 1,5 milhão. Este ano, recebemos 1,45 milhão e comercializamos até o momento 1 milhão, devido ao aumento dos preços, com o produtor vendendo…”, afirmou ele.
“Viramos o ano com 700 mil sacas em estoques, juntando com o recebimento, vai dar mais de 2 milhões de sacas, por isso que falo que pode comercializar mais”, frisou.
A meta inicial para o ano era comercializar 1,4 milhão de sacas, acrescentou o gerente.
Fonte: Reuters