Da Reportagem
MARCELO EDUARDO DOS SANTOS
Um dos alicerces da pujança do agronegócio nos países desenvolvidos, o mercado futuro finalmente começa a ser descoberto pelo produtor brasileiro, pelo menos o de maior porte. Segundo o presidente da Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F), Manoel Felix Cintra Neto, a negociação dos contratos de café na entidade atingiu este ano 18,78 milhões de sacas, movimentando US$ 2,4 bilhões, um aumento de 30% em relação a igual período de 2005.
Cintra divulgou os números ontem na abertura do 16º Seminário Internacional de Café de Santos. O evento, promovido pela Associação Comercial de Santos (ACS), tem como tema Consumo e produção mundial de café nos próximos dez anos e acontece até sexta-feira no Casa Grande Hotel, em Guarujá. A instabilidade financeira dos agricultores brasileiros é um antigo problema do País. Com o mercado futuro, o agricultor pode negociar, por meio de contratos na bolsa, sua produção antes da colheita e se proteger contra a oscilação de preço.
De acordo com Cintra, os fundos de hedge (fundos especializados em proteção) que investem no mercado futuro já são responsáveis por 20% dos contratos de café negociados na bolsa. Com a expansão do mercado futuro, o agricultor encontra mais uma fonte para financiar sua produção.
E há ainda a expectativa do Brasil obter o grau de investimento, uma espécie de índice de confiança fornecido pelos analistas internacionais ao reconhecerem que determinado País é seguro para o investidor estrangeiro. Com a conquista do índice, deverá ocorrer a entrada mais consistente de capitais, aumentando a liquidez do mercado de café.
O mercado futuro, porém, é complexo e ainda não foi descoberto pelo pequeno produtor. ‘‘O produtor que não se capacitar para gerenciar o risco, vai perder para a concorrência’’. O presidente da ACS, José Moreira da Silva, destacou que a produção da safra 2006/2007 deve atingir este ano 40,6 milhões de sacas. A expectativa dele com o seminário, além de ser um evento de troca de informações, é permitir o fechamento de negócios entre produtores e compradores. A commodity passa por um momento de valorização da cotação, onde o ganho do produtor acaba sendo em parte anulado pela queda do dólar.
A solenidade contou ainda com a presença do diretor-executivo da Organização Internacional do Café (OIC), Néstor Osório, do vice-presidente do Bradesco, Norberto Pinto Barbedo, do prefeito de Guarujá, Farid Madi, e do secretário-adjunto estadual de Agricultura, Carlos Nabil Ghobril, entre outros. O seminário continua hoje às 8h30 com os debates O consumo nos países produtores de café, Agronegócio brasileiro: uma visão do futuro próximo, Fornecimento e demanda e Condições climáticas para o inverno.