José Marques Porto O agronegócio brasileiro bateu novo recorde de exportações em 2005, totalizando US$ 43,6 bilhões. Superior 11% em relação a 2004, de acordo com dados divulgados pelo Ministério da Agricultura. Os produtos que mais contribuíram para o aumento foram açúcar e álcool (49%), café (42%), carnes (31%) e papel e celulose (17%). As vendas externas do agronegócio representaram 37% do total das exportações brasileiras em 2005. Contudo, o governo, além dos empresários, não contabiliza e oculta o alto custo ambiental desse modelo. O atual modelo do agronegócio ameaça pôr fim a uma das maiores dádivas divinas e das principais riquezas de biodiversidade do país: o Pantanal. É o que mostra o estudo “Estimativa de Perda de Área Natural da Bacia do Alto Paraguai e Pantanal Brasileiro”, feito pela ONG Conservação Internacional (CI Brasil). O estudo aponta que, até 2004, 44% da área em análise tiveram sua cobertura nativa degradada. A expansão da pecuária e da soja, aliada às atividades de grileiros, madeireiros, industriais e mineradores, segundo o Instituto de Pesquisas da Amazônia, já causou a destruição de 12% da floresta nativa nas últimas décadas. Tal ação afetou o clima, o regime das chuvas, além de causar danos irreversíveis à biodiversidade da região. Já a vegetação do Cerrado está sendo rapidamente destruída e substituída pela soja, algodão e outros cultivos, sendo reduzida hoje a apenas 22% de sua cobertura original. A Mata Atlântica, segundo o CI Brasil, perdeu 92% de sua cobertura original desde o descobrimento. No Espírito Santo, foi reduzida a apenas 7% de nosso território, em pouco mais de um século. Qual será o custo ambiental do agronegócio no Estado? Quanto custa para o ambiente a produção das monoculturas de eucalipto, cana-de-açúcar, dos cafezais e das pastagens? Quanto custa tratar da saúde de todos os contaminados pelos venenos usados na produção do agronegócio? De acordo com a Agência Nacional de Águas (ANA), cerca de 70% dos cursos de água, entre o Rio Grande do Sul e a Bahia – região que concentra a maior parte da produção agrícola do país –, estão contaminados por venenos e outros produtos químicos. As águas que as companhias de saneamento comercializam, que são captadas em mananciais contaminados, estarão livres dos venenos utilizados? Quanto custará limpar o ambiente? Será possível? A contabilidade suicida do modelo econômico hegemônico está nos levando à contínua e insana destruição das principais riquezas naturais do país e do planeta. José Marques Porto é sociólogo, especialista em Planejamento e Gerência de Operações Logísticas |