Consumo nacional de café vai a 21 milhões de sacas, com alta de 4%

24 de novembro de 2014 | Sem comentários Análise de Mercado Mercado

Folha de S. Paulo
22/11/14


O consumo nacional de café andou no sentido inverso ao da economia e cresceu 4% em volume neste ano. Os dados são da Nilsen e se referem aos 12 meses até outubro.


Dados da Abic (Associação Brasileira da Indústria de Café) também indicam que o consumo o nacional vai crescer, podendo até superar a taxa da Nilsen, quando forem computados os dados finais deste ano da entidade. Com esse avanço da demanda, o Brasil deverá terminar o ano com o consumo de 21 milhões de sacas de café.


Embora ainda muito pequeno, o segmento de cápsulas é o que mais cresce no país, com evolução de 55,5% nos últimos 12 meses. Enquanto o café está presente em 98% dos lares brasileiros, as cápsulas estão em 1%.


A região Nordeste é a que vem obtendo a maior taxa de crescimento (mais 9%), enquanto as regiões metropolitanas de São Paulo (menos 4,2%) e do Rio de Janeiro (menos 4%) registram recuos.


Essa queda pode ser atribuída à concorrência de novos produtos nesses mercados, segundo Manoel de Assis, da Abic.


Se o consumo vai bem, a produção brasileira da próxima safra ainda é incerta. Rafael Barbosa, do Rabobank do Brasil, diz que é muito difícil ainda falar sobre ela.


O clima, que afetou a florada deste ano, colocou muitas incertezas no setor, levando o banco a definir uma margem de produção de 42 milhões a 47 milhões de sacas. “Um cenário base seria de 44,5 milhões de sacas”, diz.


A demanda mundial de café continua crescente, mas o setor perde estoques pelo segundo ano consecutivo. Na avaliação do Rabobank, os estoques mundiais de café arábica encolhem 9 milhões de sacas nas safras de 2013/14 e de 2014/15.


Com essa redução de estoques, haverá ajustes maiores nos preços. Barbosa prevê um valor médio de US$ 1,93 por libra-peso na safra 2014/15.


Ele aponta dois cenários. Se a safra brasileira ficar em 42 milhões de sacas e o câmbio em R$ 2,60/dólar, os preços sobem e ficam, em média, a US$ 2,11 por libra-peso.


Já com safra de 47 milhões de sacas e câmbio a R$ 2,90, os preços baixariam para US$ 1,70 por libra-peso.


Barbosa diz, no entanto, que o setor precisa ficar atento a alguns pontos que podem influenciar a produção e os preços. Entre eles, cita o clima, a participação dos fundos no mercado, o câmbio -“esse o item mais crítico e o que mais pode influenciar o mercado”- e a demanda. Esta, embora crescente, é difícil de ser quantificada.


A demanda externa para o produto brasileiro é crescente, o que leva Guilherme Braga, do Cecafé (conselho dos exportadores), a prever exportações de 36 milhões de sacas neste ano. Para atingir esse volume, a safra brasileira deve ter superado os 48 milhões de sacas, segundo ele.


Nathan Herszkowicz, diretor-executivo da Abic, também acredita que a safra ficou acima do que se imaginava. Os números recordes das exportações e o consumo interno subindo para 21 milhões de sacas, sustentam uma safra maior, diz.


O problema é o ano que vem. “Os estoques serão menores, e a safra ainda é uma incógnita.”


A indústria vai contar com suprimento mais apertado no ano que vem, com alta de preços nos primeiros meses do ano, prevê o executivo da Abic. A entidade comemorou 25 anos da implantação do selo de qualidade no setor.


O jornalista MAURO ZAFALON viajou a Porto de Galinhas a convite da Abic para receber prêmio pelos 25 anos desta coluna.

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