08/12/2006 06:12:39 –
Depois de amargar uma crise que se estendeu do final dos anos 90 até 2004, com estoques altos pressionando as cotações, o setor cafeeiro começou a se ajustar em 2006. Para alívio de toda a cafeicultura, o aumento do consumo e a redução das reservas internacionais trouxeram o equilíbrio que faltava aos negócios. Só o dólar não colaborou para que a recuperação fosse completa.
Desde o ano passado, não se via uma oferta tão ajustada à demanda. Atualmente, as reservas só atendem 30% do consumo e isso pode cair para 27% já no próximo ano. Com a bianualidade da cultura, que faz a produção oscilar de um ano para outro, a safra este ano deve chegar no máximo a 46 milhões de sacas de 60 quilos, caindo no próximo ano para 35 milhões em função da redução natural e de problemas na florada em 2006.
Tudo isso ajudou a impulsionar os preços do grão que, assim, alcançaram os patamares de 1997, em torno de US$ 133 a saca. “O café está vivendo um momento muito especial, com uma recuperação sustentável dos preços desde o ano passado, devido ao equilíbrio da oferta e da demanda”, explica João Lian, presidente do Conselho dos Exportadores de café do Brasil (Cecafé).
Mas, para os produtores, essa recuperação ainda não foi suficiente para cobrir os prejuízos que tiveram com a crise anterior. Segundo Alberto Portugal, diretor executivo do Conselho Nacional do café (CNC), muitos cafeicultores tinham dívidas contraídas durante o auge das dificuldades prolongadas. “Muitos até acharam que conseguiriam se capitalizar, mas com a queda do dólar somada a uma boa safra isso não se confirmou”.
Em contrapartida, o café vive um momento de valorização do consumo jamais visto. O surgimento das chamadas “butiques” de café por todo o mundo colaborou com esse movimento, que também chegou ao Brasil, atraindo inclusive marcas de peso como a Starbucks. A maior rede de cafés do mundo fincou recentemente seu pé em São Paulo, ao mesmo tempo em que a Nestlé planeja trazer para o país a Nespresso, uma butique que vende café premium em pequenas cápsulas e máquinas especiais para o preparo de café.
Com tantas novidades, o consumo nacional de café deu um salto. E cada brasileiro, que antes consumia 5,14 quilos, passou a usar 5,28 quilos por ano. A alta de 3% no consumo brasileiro, o dobro da média mundial, deve-se também ao aumento do poder de compra da população brasileira, dizem os torrefadores. A alta no consumo brasileiro, segundo a Associação Brasileira das Indústria de café (ABIC), também se deve à melhor qualidade do produto ofertado no mercado nacional e às campanhas promocionais que vêm sendo realizadas pela indústria.
Por trás desse crescimento estão, com grande peso, os programas de certificação da qualidade. O principal deles é o Programa Permanente de Controle da Pureza de café criado pela própria ABIC, mais conhecido como Selo de Pureza. No ano da criação do selo, 1989, o consumo de café estava em declínio, mas 12 anos depois já havia dobrado.
Segundo a entidade, mais de 30% das marcas analisadas burlavam a legislação, misturando o café a outras substâncias ou apresentando grau de impurezas acima do limite permitido.
Hoje a situação se inverteu e 70% do café produzido no Brasil têm o selo e menos de 5% das marcas são consideradas impuras ou adulteradas. Na época do lançamento, apenas 463 marcas faziam parte do programa e eram responsáveis pela industrialização de 330 mil sacas por mês. Hoje, o programa tem mil marcas, que processam 480 mil sacas por mês.
A soma de tudo isso é um aumento expressivo no consumo de café fora do lar. Em 2004, essas vendas equivaleram a 4,47 milhões de sacas de 60 quilos. No ano passado, o volume saltou para 5,5 milhões de sacas, de um total de 15,8 milhões de sacas consumidas no mercado interno, conforme levantamento da ABIC.
08/12/2006 06:12:39 –
Depois de amargar uma crise que se estendeu do final dos anos 90 até 2004, com estoques altos pressionando as cotações, o setor cafeeiro começou a se ajustar em 2006. Para alívio de toda a cafeicultura, o aumento do consumo e a redução das reservas internacionais trouxeram o equilíbrio que faltava aos negócios. Só o dólar não colaborou para que a recuperação fosse completa.
Desde o ano passado, não se via uma oferta tão ajustada à demanda. Atualmente, as reservas só atendem 30% do consumo e isso pode cair para 27% já no próximo ano. Com a bianualidade da cultura, que faz a produção oscilar de um ano para outro, a safra este ano deve chegar no máximo a 46 milhões de sacas de 60 quilos, caindo no próximo ano para 35 milhões em função da redução natural e de problemas na florada em 2006.
Tudo isso ajudou a impulsionar os preços do grão que, assim, alcançaram os patamares de 1997, em torno de US$ 133 a saca. “O café está vivendo um momento muito especial, com uma recuperação sustentável dos preços desde o ano passado, devido ao equilíbrio da oferta e da demanda”, explica João Lian, presidente do Conselho dos Exportadores de café do Brasil (Cecafé).
Mas, para os produtores, essa recuperação ainda não foi suficiente para cobrir os prejuízos que tiveram com a crise anterior. Segundo Alberto Portugal, diretor executivo do Conselho Nacional do café (CNC), muitos cafeicultores tinham dívidas contraídas durante o auge das dificuldades prolongadas. “Muitos até acharam que conseguiriam se capitalizar, mas com a queda do dólar somada a uma boa safra isso não se confirmou”.
Em contrapartida, o café vive um momento de valorização do consumo jamais visto. O surgimento das chamadas “butiques” de café por todo o mundo colaborou com esse movimento, que também chegou ao Brasil, atraindo inclusive marcas de peso como a Starbucks. A maior rede de cafés do mundo fincou recentemente seu pé em São Paulo, ao mesmo tempo em que a Nestlé planeja trazer para o país a Nespresso, uma butique que vende café premium em pequenas cápsulas e máquinas especiais para o preparo de café.
Com tantas novidades, o consumo nacional de café deu um salto. E cada brasileiro, que antes consumia 5,14 quilos, passou a usar 5,28 quilos por ano. A alta de 3% no consumo brasileiro, o dobro da média mundial, deve-se também ao aumento do poder de compra da população brasileira, dizem os torrefadores. A alta no consumo brasileiro, segundo a Associação Brasileira das Indústria de café (ABIC), também se deve à melhor qualidade do produto ofertado no mercado nacional e às campanhas promocionais que vêm sendo realizadas pela indústria.
Por trás desse crescimento estão, com grande peso, os programas de certificação da qualidade. O principal deles é o Programa Permanente de Controle da Pureza de café criado pela própria ABIC, mais conhecido como Selo de Pureza. No ano da criação do selo, 1989, o consumo de café estava em declínio, mas 12 anos depois já havia dobrado.
Segundo a entidade, mais de 30% das marcas analisadas burlavam a legislação, misturando o café a outras substâncias ou apresentando grau de impurezas acima do limite permitido.
Hoje a situação se inverteu e 70% do café produzido no Brasil têm o selo e menos de 5% das marcas são consideradas impuras ou adulteradas. Na época do lançamento, apenas 463 marcas faziam parte do programa e eram responsáveis pela industrialização de 330 mil sacas por mês. Hoje, o programa tem mil marcas, que processam 480 mil sacas por mês.
A soma de tudo isso é um aumento expressivo no consumo de café fora do lar. Em 2004, essas vendas equivaleram a 4,47 milhões de sacas de 60 quilos. No ano passado, o volume saltou para 5,5 milhões de sacas, de um total de 15,8 milhões de sacas consumidas no mercado interno, conforme levantamento da ABIC.