De São Paulo
A ambiciosa meta das indústrias de café de atingir um consumo de 21 milhões de sacas em 2010 no país não deverá se concretizar neste prazo. A desaceleração do crescimento em 2008 e ao que tudo indica também neste ano deixará o Brasil ainda como o segundo maior consumidor mundial, atrás dos Estados Unidos, até pelo menos 2012, quando este marco, enfim, poderá ser alcançado, de acordo com a Abic (Associação Brasileira da Indústria de Café).
No ano passado (ano-base outubro de 2007 a novembro de 2008), o consumo alcançou 17,66 milhões de sacas de 60 quilos, um aumento de 3,2% sobre igual período do ano anterior. Apesar do incremento significativo do consumo em 550 mil sacas, a Abic projetava uma elevação ainda maior, entre 5% e 6% ao ano, a partir de 2004. “As indústrias estipularam uma meta muito desafiadora para o setor”, afirmou Nathan Herszkowicz, diretor da Abic.
Dados, ainda preliminares, indicam que haverá elevação do consumo de café em 2009, mas será bem tímido. Uma indicação entre novembro de 2008 e fevereiro mostra um crescimento nas vendas um pouco abaixo de 1%, de acordo com Herszkowicz.
A crise financeira global até afetou o avanço do consumo de café no país, mas, para Herszkowicz, o dilema das torrefadoras é outro. De acordo com pesquisa encomendada pela Abic, 97% da população acima de 15 anos garante que consome café. “A base para o avanço do consumo ficou menor.”
Para este ano, o mercado interno deverá consumir 18,2 milhões de sacas. Para 2010, ainda não há estimativas prontas. A meta desafiadora da Abic era alcançar 21 milhões de sacas no ano que vem.
“O setor também foi atingido pela crise. Os custos de produção estão altos e as indústrias estão fazendo ajustes”, disse Herszkowicz.
Segundo a Abic, as exportações brasileiras de café torrado e moído alcançaram US$ 35,6 milhões em 2008 (com embarques de 135 mil sacas), um aumento 37% sobre o ano anterior. Para 2009, a meta é atingir uma receita de US$ 42 milhões, com 160 mil sacas embarcadas.
O avanço no exterior será focado em três países: Chile, Turquia e Cingapura. Segundo Herszkowicz, esses países foram escolhidos por registrar um mercado interno carente e um potencial de exportação grande. Para o Chile, as indústrias já fecharam campanhas com a associação da alta gastronomia daquele país para impulsionar o consumo de café. (MS)