“O consumidor está sentindo a melhor qualidade do produto. E isso vai acontecer mais ainda neste ano, já que a safra [2018/19] foi boa e a próxima também deve ser”, afirmou.
07/02/2019 O aumento expressivo dos preços não conteve o crescimento do consumo de café no mercado brasileiro no ano passado. Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), entre novembro de 2017 e outubro de 2018, o volume alcançou 21 milhões de sacas de 60 quilos, 4,8% mais que entre novembro de 2016 e outubro de 2017.
“Estou aqui há 25 anos e nesse período não tivemos um crescimento tão expressivo no volume de consumo de café”, disse Nathan Herszkowicz, diretor executivo da Abic, que se surpreendeu com o resultado. Parte da surpresa decorre de uma tendência de alta de preços ao consumidor que, entre janeiro de 2017 e fevereiro de 2018, foi de 36,8%, para R$ 30,40 por quilo.
Para Herszkowicz, o avanço do consumo reflete o “protagonismo” do produto no universo de bebidas saudáveis e a melhora da qualidade da bebida. “Apesar do aumento de preços, substancial, o café ainda representa uma opção ao consumidor que procura qualidade e paga por ela. E, mesmo mais caro, o café ainda é uma opção mais barata que outras bebidas, considerando o valor por xícara”.
Pelas mesmas razões, para 2019 o dirigente, que cita dados da Euromonitor como referência, estima um crescimento de 3,5% no consumo interno, patamar anual que deverá ser mantido até 2021. No caso das cápsulas, o incremento médio anual deverá atingir 9%, ao passo que para o café em grão tende a ficar em 4%. Já o consumo de café gourmet deverá registrar alta de 15% neste ano em relação a 2018.
“O consumidor está sentindo a melhor qualidade do produto. E isso vai acontecer mais ainda neste ano, já que a safra [2018/19] foi boa e a próxima também deve ser”, afirmou.
A Abic deixou de considerar em suas contas de consumo o volume atribuído a empresas não cadastradas. Passou a levar em conta somente os dados das empresas associadas, não associadas e de café solúvel. “Se não fosse a mudança de metodologia, poderíamos falar em recorde de volume e de percentual”, afirmou. Segundo Herszkowicz, a Abic tem 405 empresas associadas, que respondem por 73,5% do consumo interno de café torrado e moído – o equivalente a 14,6 milhões de sacas.
Por Marcela Caetano | De São Paulo
Fonte : Valor