Guilherme Rios As perspectivas para o mercado mundial de café são promissoras. Em 2006, o consumo do grão no mundo deve chegar a 115 milhões de sacas de 60 quilos. Em 2015, esse número deve atingir 145 milhões de sacas, segundo previsão da Organização Internacional do Café (OIC). “O consumo aumenta cerca de 1,5% ao ano”, estima o diretor executivo da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), Nathan Herszkowicz. Em 2005, foram comercializados no mercado interno, aproximadamente, 16 milhões de sacas do grão, o que corresponde a um crescimento do consumo de café de 4%. “A previsão é que até 2010 esse número chegue a 21 milhões de sacas”, afirma Herszkowicz. O diretor da Abic ressalta, ainda, que o aumento do número de cafeterias é um dos fatores responsáveis pelo crescimento mundial no consumo. “Um exemplo disso é a expansão nas redes de cafeterias como a Starbucks , que possui atualmente 10,5 mil cafeterias pelo mundo”, explica Herszkowicz. Outro fator importante é o crescimento dessas lojas em países onde não há tradição de consumo de café. O executivo explica que existem 6,5 mil casas de café em Seul, capital da Coréia do Sul. “A Ásia é uma região rica, populosa e atraente para o mercado”, conta. Produção brasileira Herszkowicz ressalta que, para aproveitar ainda mais o crescimento do consumo de café, o Brasil deve investir no mercado de cafés de qualidade. “Além de ser o maior produtor e exportador de café verde, o País é o maior fornecedor de cafés certificados com selos de sustentabilidade no mundo”, afirma. Para ampliar a participação do Brasil nesse mercado, a Abic lançou no ano passado um programa de certificação de cafés gourmet, que garante a qualidade do produto comercializado. Embora o cenário seja favorável, estimativas da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) apontam uma redução de 3% na área de café em produção na safra 2006/2007, comparativamente à safra 2005/2006. “O produtor está investindo na lavoura, substituindo plantios antigos por mais modernos”, informa o gerente de comercialização da Cooperativa de Cafeicultores e Agropecuaristas da Região de Franca (Cocapec), Ancelmo de Paula. O gerente explica que o produtor está se recuperando apenas agora da crise de preços ocorrida em 2001. O sócio proprietário do Escritório Carvalhaes , Eduardo Carvalhaes Júnior, acredita que existe uma tendência de alta no preço do grão para o próximo ano, mas o equilíbrio entre estoque e demanda, a imprecisão dos números de estoques no mundo e o domínio dos fundos de investimentos nas bolsas de futuros poderão causar oscilações nas cotações durante o ano. “Essa tendência deve ficar mais evidente a partir de outubro, quando os números da safra 2006/2007 ficarão mais claros.” Para Carvalhaes, a alta não significa impacto nos preços remunerados ao produtor. Na safra 2005/2006, o Brasil produziu cerca de 33 milhões de sacas, em aproximadamente 2,5 milhões de hectares. Deste montante, a previsão é que 27 milhões de sacas sejam exportadas, com uma receita de US$ 3,1 bilhões. A Conab estima uma produção de aproximadamente 43 milhões de sacas para a safra 2006/2007. Os principais concorrentes brasileiros no fornecimento de café são a Colômbia, com produção de 11 a 12 milhões de sacas e o Vietnã, que produz 12 milhões de sacas e tem potencial de aumentar sua produção em mais 3 milhões de sacas. |