O consumo brasileiro de café alcançou 20,08 milhões de sacas em 2013, 1,23% menos que em 2012 (20,33 milhões de sacas), conforme estimativa da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic). A entidade considera como “ano de 2013” o período entre novembro de 2012 e outubro do ano passado. Foi a primeira queda no consumo do produto em dez anos. Na série histórica da Abic, desde 1990 os brasileiros consumiram menos café em relação ao ano anterior apenas em 2003 e em 2013. Em 2003, o consumo caiu 2,14% sobre 2002 e somou 14 milhões de sacas.
O consumo per capita em 2013 ficou em 4,87 quilos de café torrado por habitante ao ano – o que equivale a 6,09 quilos de café verde por habitante – em comparação aos 4,98 quilos de torrado em 2012.
O Brasil é o segundo maior consumidor mundial do grão. Perde apenas para os Estados Unidos, que deverá consumir 23,85 milhões de sacas em 2013/14, segundo o Departamento de Agricultura do país (USDA). Apesar da queda registrada no ano passado, o consumo continua grande e representa 40% da safra nacional, afirma Nathan Herszkowicz, diretor-executivo da Abic.
Um dos fatores que provocaram o recuo do consumo de café no país foi a concorrência do produto com outras opções de bebidas prontas, como sucos, achocolatados e bebidas à base de soja, cuja penetração no mercado é pequena se comparada ao café, mas que apresentam crescimento acelerado, conforme a Abic.
Outro fator relacionado à redução do consumo do produto é o progressivo desaparecimento de empresas com pouca participação no mercado, resultado da concentração do segmento nas mãos de grandes empresas e do varejo.
No fim de 2012, a Abic contabilizava 1.490 indústrias no país, de todos os portes e que atuaram no mercado nos últimos quatro anos. No fim do ano passado, eram 1.428 unidades industriais.
Para o representante da Abic, a “impressão” é que o menor consumo de café foi registrado mais dentro de casa do que fora do lar. O consumo de café fora do lar segue em crescimento, com um número maior de cafeterias, restaurantes e padarias, e representam 36% do consumo total, de acordo com pesquisa realizada pela AC Nielsen.
Além disso, os consumidores têm ampliado a experimentação e valorizado mais produtos com melhor qualidade, certificados e sustentáveis, conforme a Abic.
Os preços do café nas prateleiras do varejo caíram no ano passado. Em janeiro, o valor médio foi de R$ 14,82 o quilo; em dezembro, recuou para R$ 12,55 (cafés tradicionais), uma queda de 15% identificada por pesquisas no varejo paulistano.
O faturamento bruto das indústrias em 2013 foi de R$ 7,3 bilhões, 8,75% mais baixo que em 2012, quando os preços do produto estavam mais altos. A Abic estima que o crescimento do consumo interno de café será retomado este ano, ao patamar de 3% a 4%.
Fonte: Carine Ferreira, Valor Online