01/09/2012
Com as lavouras de café, milho e algodão, agropecuária ajudou no resultado, revertendo um primeiro trimestre ruim
DANIELA AMORIM / RIO – O Estado de S.Paulo
A ligeira alta de 0,5% no PIB no segundo trimestre do ano foi puxada mais uma vez pelo setor de serviços, com destaque para o papel da administração pública. A agropecuária também ajudou no resultado, revertendo o primeiro trimestre ruim, numa recuperação calcada nas lavouras de café, milho e algodão.
Enquanto a agropecuária cresceu 1,7% ante o segundo trimestre de 2011, os serviços tiveram expansão de 1,5%, disse o IBGE. Os estímulos do governo ajudaram a manter o consumo aquecido, mas a demanda perde fôlego, o que já era antecipado por indicadores, com crescimento menor de emprego e da renda.
Na comparação com o mesmo trimestre do ano anterior, o consumo das famílias cresceu 2,4% no segundo trimestre de 2012. Foi a 35.ª taxa positiva seguida, mas se mantém há um ano em nível bem mais baixo do que no início de 2011, quando rodava entre 6% e 5%. “Há um esgotamento do avanço (do PIB) puxado por consumo e serviços. Se o investimento não salta, se a renda não é criada, é claro que vamos ter problemas de inadimplência e desaceleração do crédito. Isso reduz o consumo e faz os serviços desacelerarem”, avalia Roberto Messenberg, coordenador do Grupo de Análises e Previsões do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
O IBGE reconheceu que esperava um freio no consumo. “Várias coisas estavam indicando que a gente continuava tendo crescimento do consumo das famílias, mas a uma taxa um pouco menor”, disse Rebeca Palis, gerente da Coordenação de Contas Nacionais do IBGE.
Em nota, o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, exaltou a demanda doméstica como principal suporte da economia, com o consumo das famílias estimulado pela expansão moderada do crédito, geração de emprego e renda. Entretanto, especialistas apontam que os números mais modestos tanto do PIB quanto dos serviços e do consumo são a prova de que apostar na mesma fórmula adotada durante a crise de 2009 não basta para alavancar a economia.
“A base anterior já é alta, então é difícil aumentar mais (o consumo). Não digo que o consumo perdeu o fôlego, digo que ele não basta mais para o crescimento do PIB”, alerta Alcides Leite, professor de Economia na Trevisan Escola de Negócios.
O governo foi destaque entre os serviços. O subsetor de Administração, saúde e educação públicas avançou 3,3% no segundo trimestre de 2012 ante o mesmo trimestre de 2011. Também cresceram os serviços de informação (2,6%) e intermediação financeira e seguros (1,8%).