Apesar das elevadas previsões, clima gerou perdas no peso dos grãos e de peneira tanto para o arábica como para o conilon
Por Globo Rural
O parque cafeeiro do Brasil poderá render uma colheita total de 64,92 milhões de sacas de 60 quilos na safra 2024/25, que está em pleno andamento nas principais regiões produtoras. Desse volume, 43,39 milhões de sacas seriam de arábica e 21,53 milhões de conilon. É o que estima um novo relatório da consultoria Prime, divulgado nesta segunda-feira (17/6).
As estimativas são maiores que a da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), que projeta um resultado de 58,8 milhões de sacas de café para o próximo ciclo, o que a consultoria considera “pessimista”. Contudo, as projeções da Pine ainda estão aquém do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), de 69,9 milhões de sacas, e de outras empresas privadas que oscilam de 67 milhões a 70 milhões de sacas.
As variações climáticas estão por trás das previsões da Pine, que argumenta ter mapeado prejuízos no peso dos grãos e de peneira para os dois tipos de café.
Para chegar a estes dados, analistas da consultoria realizaram um tour em principais fazendas produtoras de café arábica nos estados de São Paulo e Minas Gerais entre os dias 1 de maio e 4 de junho deste ano. No caso do café conilon, o acompanhamento foi feito por satélite nas plantações de conilon no Espírito Santo, Bahia e Rondônia.
Em relação à produtividade esperada para a temporada 2024/25, o café arábica pode chegar a 28,6 sacas por hectare, apurou o relatório. Enquanto o conilon poderá render 55,5 sacas por hectare. Nas análises realizadas ‘in loco’, notou-se que a produtividade está diretamente relacionada às condições climáticas.
Ao mapear somente o arábica, a consultoria avaliou que só agora, na safra 2024/25, os danos da geada de 2021 começam a desaparecer, especialmente para os produtores mais tecnificados.
“Certamente haveria potencial para esse ano safra atingirmos uma produção de arábica por volta de 47 milhões de sacas e nos aproximarmos ao recorde de produção que foi a temporada de 2020, contudo, tivemos podas que levaram a perdas de 6,14% da produção e de 5,47% no rendimento na peneira”, registra a análise.
As podas realizadas no ano passado ainda são fórmulas de manejo para atenuar os danos da geada de 2021, que obrigou cafeicultores a replantar, renovar áreas de plantio ou até plantar em novas áreas e investir em irrigação e espécies mais produtivas. Aqueles que não estavam capitalizados, continuam sofrendo com produtividades menores.
Segundo apurou o relatório, do início de 2023 a junho deste ano, projeta-se uma expansão de área de plantio de 5% e de renovação de plantas de cerca de 60%. Essas mudanças farão a margem de produção dos parques cafeeiros melhorarem para a colheita da safra 2024/25, que se encerrará entre maio e junho do ano que vem.
“Caso o rendimento não melhore com o decorrer da colheita, há possibilidade de novos cortes”, estimam analistas da Pine.
Como ponto de atenção para o novo ciclo que se iniciou no mês passado, a consultoria vê que o maior impacto se dá por causa das múltiplas floradas, que foram acontecendo desde junho de 2023. O déficit hídrico de outubro do ano passado até fevereiro deste ano também pesou sobre o enchimento de grãos. Consequentemente, a maturação do café ficou prejudicada e pode ainda influenciar o rendimento da safra 2024/25, o que só será mapeado quando o período de colheita se iniciar, em junho do ano que vem.
Revisão da safra 2023/24
Em relação à safra de 2023/24, já colhida e que está em comercialização, a consultoria decidiu fazer uma revisão de seu último levantamento, realizado em março de 2023, e elevou a projeção de café disponível para 60,75 milhões de sacas, um aumento de 3,15 milhões de sacas se comparado com as estimativas anteriores.
Por tipo de café, o arábica sai de 37,3 milhões de sacas para quase 39 milhões, enquanto o conilon cresce de 20,3 milhões de sacas para 21,8 milhões.
A revisão da safra foi feita devido à alteração no regime de chuvas, cujas precipitações abundantes começaram no final de 2022, respingando no desenvolvimento do ciclo 2023/24. Além disso, as exportações acumuladas no ano passado e o aumento do consumo interno no Brasil exigiram repensar os números indicados anteriormente por causa do rendimento.
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