08/12/2009 – 08:50:22
No Norte e Noroeste do Paraná, café divide espaço com outras culturas
No Norte e Noroeste do Paraná, café divide espaço com frutas como banana, coco e citros ou plantas como palmeiras, seringueiras e volta a crescer na região
Já passou o tempo em que uma propriedade pequena ou média vivia exclusivamente do café. Hoje, os produtores que continuam na atividade são estimulados a investir na diversificação e o café passa a ser apenas mais uma fonte de renda, não a única. E é isso que está fazendo a cultura sobreviver no Norte e Noroeste do Paraná.
Segundo Paulo Sérgio Franzine, coordenador da área de café na Secretaria Estadual da Agricultura e do Abastecimento (Seab), as experiências já provaram que é possível a convivência harmoniosa dos cafezais com frutas como banana, coco e citros, além de palmeiras, seringueiras e outras plantas que ajudam no sombreamento, na produção de material orgânico e na retenção do vento. Além disso, produzem renda extra para o produtor.
Alguns dos exemplos práticos podem ser encontrados em várias lavouras de São Jorge do Patrocínio, a 80 quilômetros de Umuarama (Noroeste). Pedro Strey, 52 anos, é um cafeicultor que assimila fácil as novas tecnologias. Faz as podas e adubação sugeridas pelos técnicos e há cinco anos passou a cultivar banana-maçã no meio do cafezal, em 30% da chácara de cinco hectares. Ele diz que está satisfeito porque conseguiu obter renda extra, melhorou a quantidade de nutrientes no solo e teve menos problemas com a erosão.
Strey revela que gastou em torno de R$ 1,5 mil para plantar 400 mudas de banana em cada hectare. Em 12 meses, a banana já rende a primeira colheita, mas atinge o pico a partir do segundo ano. Cada planta produz um cacho de 30 quilos, na média anual, o que gera uma renda de pouco mais de R$ 10 mil ao ano, por hectare.
O técnico responsável pelo setor de fruticultura da prefeitura de São Jorge do Patrocínio, Crislei Spanhol, diz que os produtores não têm encontrado dificuldades na comercialização. No caso da banana, o preço sofre algumas oscilações, mas se mantém compensador. Spanhol ressalta que o plantio deve ser feito com orientação técnica porque precisa obedecer ao espaçamento adequado para não abafar o café. “No consórcio com banana, o ideal é plantar a fruta um ano depois plantar o café”.
Franzine considera que a diversificação é a saída para a cafeicultura sobreviver. Além do consórcio com frutas e outras plantas, ele cita a importância dos aviários, que podem render um ganho a cada dois meses e ainda produzir esterco para melhorar a fertilidade do solo. “Mas um detalhe que o agricultor deve analisar é a quantidade de mão-de-obra que vai precisar, para não ter a atividade comprometida”. Conforme ele, a mão-de-obra no campo está cada vez mais escassa e pode inviabilizar algumas atividades em propriedades pequenas. “Outra observação que o agricultor deve fazer, se resolver migrar do café para outra cultura, é pesquisar bem antes e descobrir se tem aptidão para outro ramo. Caso contrário, pode ser pior”, aconselha.