Diante das estimativas de recuperação dos preços do café, o Projeto Conhecer da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil/CNA realizou consulta, entre julho e agosto de 2005, com 570 cafeicultores de todo o Brasil para conhecer as demandas e avaliar o atual momento da cafeicultura brasileira. Os resultados indicam que, mesmo com a recuperação dos preços, o produtor não pretende aumentar sua área plantada.
Caracterização da amostra por Estado:
96% dos produtores consultados produzem nos estados de MG, SP, PR, ES, BA e RO, esses seis estados foram responsáveis por 96,8% da produção nacional em 2005.
RESULTADOS
1)Em virtude da recuperação das cotações de café ao longo do ano de 2004, você pretende:
A grande maioria, 77% dos cafeicultores consultados, não pretende expandir sua área plantada, mas desses, 49% irão intensificar os tratos culturais.
2) Se você deseja ampliar a área de seu parque cafeeiro, qual será a dimensão da área a ser expandida: (caso você não deseje ampliar sua área, deixe esta questão em branco)
Entre os 23% que pretender expandir a área plantada, 64% deles farão uma expansão pequena de até 20% em relação a área anterior.
3)Você exporta, total ou parcialmente, sua produção:
A maioria dos produtores consultados, 76%, comercializa seu produto no mercado interno, desses, 17% pensam em iniciar a exportação. Outros24% já têm alguma participação voltada ao mercado externo.
4)Você investe ou pretende investir na produção de cafés especiais (gourmet) ou orgânicos:
Parcela de 57% dos produtores consultadosnão investe em cafés especiais, entre eles a maioria não o faz por considerar que o aumento dos custos de produção inviabiliza o investimento. Os outros 43% já investem ou pretendem investir em cafés especiais.
5) Em relação ao pagamento de linhas de crédito destinadas ao financiamento da cafeicultura, você possui contrato (s) em inadimplência?
Parcela de 14% dos consultados possui contrato de financiamento em inadimplência.
6) Se você respondeu “Sim” à pergunta anterior, em que linha (s) de financiamento você possui contrato em inadimplência?
CONCLUSÕES
–A recuperação dos preços mundiais do café, que ocorreu por causa da queda da oferta do produto, não foi suficiente para estimular os produtores brasileiros a ampliarem lavouras. Parcela de 77% dos cafeicultores consultados disseram que não pretendem aumentar a área plantada, independentemente de o café estar com melhores cotações de venda dos últimos anos;
–Não há expectativa de expansão de lavouras, mas é certo que aumentará a qualidade da safra. De acordo com a consulta, 49% dos produtores garantiram que vão ampliar os investimentos em tratos culturais, o que resultará em café de melhor qualidade;
–Está descartada qualquer possibilidade de expansão desordenada da oferta de café no mercado interno. Dos 23% de entrevistados que responderam estar pensando na possibilidade de ampliar seus parques cafeeiros, 64% disseram que caso façam a expansão, será de menos de 20% em relação à área plantada original;
–O mercado interno é o principal referencial para o cafeicultor brasileiro. Parcela de 59% afirma que vende seu produto dentro do País e não pensa em exportar. No entanto, há um grupo que começa a voltar o foco de atenção para o mercado internacional. Dos consultados, 24% disseram que vêem as exportações como importante alternativa comercial; outros 17% querem passar a exportar dentro de dois anos e 5% responderam que têm sua produção totalmente exportada. Ou seja, 41% dos produtores de café brasileiros já plantam pensando no mercado internacional, o gera tendência de agregação de valor e de ampliação de investimento na qualidade do café nacional;
–A consulta comprovou que o produtor brasileiro de café está decidido a investir na qualidade da lavoura, mas também verificou que há atenção quanto à agregação de valor e prospecção de novos nichos de mercado. Dos 570 cafeicultores consultados, 43% já produzem ou pretendem investir nos segmentos de cafés especiais e/ou orgânicos, segmento que tem altos custos de produção e investimento. É justamente por causa dos altos custos que os produtores não ampliam ainda mais o ingresso no segmento de cafés especiais e/orgânicos. Dos 57% que não estão nesse nicho, parte admite que não fez investimentos no setor por não encontrar associações e cooperativas em suas respectivas regiões. Outra parte considera que os custos de produção inviabilizam o investimento, e uma pequena parcela declara desconhecer as técnicas de produção de cafés especiais;
–A recuperação das cotações externas e internas do café não foi suficiente para recapitalizar o setor, que passou os últimos quatro anos sob crise, com preços de venda abaixo do custo de produção.Entre os entrevistados, parcela de 14% afirmou ter algum contrato de crédito em inadimplência;
–Dos cafeicultores que estão em situação de inadimplência, os problemas concentram-se nas linhas de longo prazo. Da parcela que afirma ter dívidas vencidas, 61% não conseguiram honrar operações alongadas ou securitizadas. Outros 27% não puderam honrar financiamentos de custeio de tratos culturais ou colheita.