No começo da semana que se encerra de fato o Índice do dólar fez um movimento de baixa buscando patamares de janeiro de 2015, mas na sequência teve uma forte cobertura dos vendidos e recuperou 2%, empurrando as commodities para baixo.
O vai e vem de expectativas sobre a normalização dos juros americanos continuam sendo um dos principais fatores de oscilação dos ativos de risco. Na semana retrasada o enfraquecimento da moeda americana dava sinais de buscar novas mínimas, o que poderia/deveria estimular, por exemplo, a compra de commodities.
A criação de postos de trabalhos nos Estados Unidos no mês de abril veio abaixo do esperado, o que eventualmente deve fazer o dólar estancar a subida recente, muito embora para médio e longo-prazo me parece que a tendência deve ser do “greenback” se valorizar.
Os mercados de café foram os que melhor performaram nos últimos cinco dias, principalmente quinta e sexta-feira quando grande parte da comunidade cafeeira se reunia no Seminário de Santos. O gatilho positivo foi acionado com a firmeza do spread de Julho/Setembro em Londres, que puxou aquele mercado para o mais alto nível desde novembro de 2015. Nova Iorque pegou carona e voltou para próximo de US$ 125.00 centavos depois de negociar três dias abaixo de US$ 120.00 centavos/libra.
A alta do robusta se deu no momento em que as chuvas no Vietnã caem com mais frequência, ainda que o volume não seja suficientemente generoso. O comportamento dos diferenciais vietnamitas aponta para uma continuação do movimento. O principal fator altista, entretanto vem da safra do conilon no Brasil, cuja rentabilidade está baixa com grãos chochos em grande parte do que está sendo colhido no Espírito Santo.
Durante o Seminário de Café de Santos as conversas giraram muito em torno do tema e as previsões de produção de conilon estão sendo reavaliadas com alguns agentes ajustando em torno de 1 milhão de sacas para baixo. Por ora a percepção parece na média apontar para uma colheita de 12 milhões de sacas no Brasil.
Já o arábica brasileiro da safra 16/17 que está sendo beneficiado traz puro otimismo. Grãos graúdos, maturação uniforme e rendimento de começo de safra igual ao que normalmente se vê apenas no final da colheita. Alguns players estão inclusive esperando que a surpresa do número da safra para esta variedade seja revisada para cima.
No frigir dos ovos o número final da safra pode não se alterar tanto do que é previsto, já que a quebra de um pode ser compensada pela produção maior do outro.
A expectativa de uma oferta abundante continua deixando compradores internacionais retraídos em suas ofertas, buscando diferenciais abertos que só devem de fato encaixar na reposição caso haja uma pressão vendedora dos produtores, um enfraquecimento forte do Real, ou ainda uma alta no terminal.
Os altistas duvidam que qualquer um dos três eventos aconteça. Primeiro por crerem que ao menos 1/3 da produção já foi comercializada, o que não trará urgência de venda dos produtores. Segundo, muitos acreditam que o pior para o Real já passou, opinião difícil de ter sem vermos o que o novo presidente conseguirá fazer. Já a alta do terminal precisa de uma queda de produção ou de estoques no curto/médio-prazo, ou claro, um evento climático.
Um fator importante a ser observado: se a safra do arábica estiver se mostrando maior do que o produtor imaginava podemos sim ver um pouco de pressão na oferta. Outro fator é o quanto que o produtor gostaria de ter vendido a mais e não conseguiu por limites creditícios de seus compradores. Se existiu uma “oferta” não atendida e se o BRL não mudar muito, a alta da bolsa deve ser limitada.
No momento os fundos vendidos novamente em 11 mil lotes (liquido), o interesse forte dos comerciais em comprar a bolsa próxima de US$ 120.00 centavos e o fechamento da semana indicam uma correção maior de Nova Iorque, sem falar que Londres pode também dar combustível para o contrato “C”.
Improvável, por ora, o mercado sair do intervalo de US$ 115.00 / US$ 135.00 centavos, portanto aos que precisam fixar suas vendas ou vender café, aproveitem os rallyes para hedgear ainda mais a colheita corrente e eventualmente olhar para a safra 17/18 tomando vantagem da curva do dólar.
Uma excelente semana e muito bons negócios a todos,
*Rodrigo Corrêa da Costa escreve este relatório sobre café semanalmente como colaborador da Archer Consultin