Conab revisa para baixo safra nacional de café

Vaivém das commodities



MAURO ZAFALON / Folha de São Paulo


A safra brasileira de café deste ano foi revisada para 44,6 milhões de sacas pela Conab (Companhia Nacional de Abastecimento).


A nova estimativa do órgão do Ministério da Agricultura aponta redução de 3,8 milhões de sacas em relação ao que era previsto em janeiro.


Parte do mercado acredita em novas quedas nesse número. “A situação do café está complicada e o mercado está cheio de interrogações”, segundo Eduardo Carvalhaes, do Escritório Carvalhaes, de Santos. Ele é um dos que acreditam em um patamar ainda menor de safra.


Os novos números de produção apontam para uma tendência de alta de preços no setor, prevê ele. Foi o que ocorreu nesta quinta (15), quando o primeiro contrato do café negociado em Nova York subiu 7,4%. As negociações terminaram o dia em US$ 1,94 por libra-peso na Bolsa de futuros.


O preço deverá superar os US$ 2,00 por libra-peso, segundo ele. Isso porque o clima ruim dos últimos meses não afetou apenas a safra atual, mas também vai comprometer a próxima.


Se o inverno for seco e sem chuvas, a planta terá um deficit hídrico no período da florada, afetando a próxima safra. Se chover, melhora o cenário para a safra seguinte, mas piora a qualidade do produto que está sendo colhido.


O volume atual de produção projetado pela Conab indica queda de 9,3% em relação ao obtido em 2013. Essa queda não é maior porque a produção de café conilon sobe para 12,3 milhões de sacas, 14% mais do que na anterior. Já a de arábica recua para 32,2 milhões, com queda de 16%.


A queda de produção tem influenciado os preços internos do café que, segundo a Conab, atingiram média de R$ 438 no mês passado em Guaxupé (MG). No mesmo mês de 2013 estava em R$ 292.


Essa recuperação de preços ocorre depois de uma forte perda de renda do produtor. As receitas obtidas pelo setor foram de R$ 17,6 bilhões em 2012, valor que recuou para R$ 13 bilhões em 2013.


A depreciação do produto provocou também um encolhimento do setor. A área em produção caiu para 1,93 milhão de hectares nesta safra, 4,7% menos do que a de 2013.


As exportações do país somam 32 milhões de sacas, enquanto o consumo está em 20 milhões de sacas.


Lideranças 1 A produção mineira de café deverá recuar para 23 milhões de sacas neste ano, 17% menos do que em 2013, segundo a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento).


Lideranças 2 Já os produtores do Espírito Santo vão colher 12,2 milhões de sacas, 4,4% mais do que no ano passado. São Paulo, o terceiro maior produtor, colherá 4,2 milhões de sacas, com alta de 5,6%.


 

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