25/11/2009 – A Companhia Nacional de Abastecimento – Conab, divulgou na quinta-feira (19) estudo com a tendência de mercado para o café da safra 2009/10.
“O objetivo é oferecer aos agentes de mercado e ao produtor mais uma fonte para análise no processo decisório do plantio”, diz o superintendente Carlos Eduardo Tavares. Ele ressalta, no entanto, a limitação do estudo, devido a peculiaridades de efeitos naturais, a exemplo da disponibilidade de água, fertilidade do solo e outras questões que afetam diretamente os preços.
Análise do comportamento da produção, preço e custo no mercado interno
A perspectiva de produção para esta safra, de 2009/2010, é, segundo a terceira estimativa de safra, elaborada pela Conab (e divulgada em setembro/2009), de 39,00 milhões de sacas de 60 kg.
Neste ano de 2009, os pomares de café (com destaque para as plantações de café arábica) estão sofrendo os efeitos de um fenômeno conhecido como bienalidade negativa, fenômeno este que provoca na planta, um estresse fisiológico que compromete a sua capacidade produtiva. Nos últimos anos em que ocorreram essas safras de bienalidade negativa, presenciou-se reduções que oscilaram em torno de 20%, isto quando comparado com o volume produzido numa safra cheia.
A produção de café arábica representa cerca de 75% da produção nacional. Os cafeicultores desse tipo de grão estão concentrados, na sua grande maioria, nos Estados de Minas Gerais, São Paulo e Paraná. O atual momento não tem sido propício para os produtores de arábica. Os preços desse tipo de café, nos últimos 4 anos, tiveram um incremento inexpressivo. Num comparativo entre a média das cotações praticadas no ano de 2006, com a média dos preços relativos aos sete primeiros meses de 2009, conclui-se que houve um pequeno avanço, de 3,87%.
Por outro lado, no mesmo período – ou seja, nos últimos quatro anos -, o custo variável de produção de uma saca, por exemplo, registrou um incremento de 48,38%. No caso do custo operacional essa variação alcançou 50,14% e num comparativo com o custo total, esse diferencial atingiu 45,68%.
O preço médio de 2009 (no mercado físico) do café arábica, tipo 6, bebida dura, se encontra 2,32% abaixo do preço mínimo atual, que é de R$ 261,69.
Esse descompasso tem afetado bastante a rentabilidade do produtor, e, por conseguinte, a sua performance. Evidentemente que esse será um dos fatores que acabará contribuindo negativamente para o resultado da próxima safra. Certamente que muitos desses produtores terão dificuldades em realizar os tratos culturais adequados, na época propícia e isso resultará numa possível redução da produtividade.
Outros fatores deverão influenciar no tamanho da próxima safra. As despesas relacionadas à mão-de-obra – que em geral gira entre 35% a 50% do custo de produção de uma saca – foi outro item que teve um crescimento bem representativo. Essas elevações de preços têm sido sentidas de uma forma mais intensa por parte de uma parcela dos produtores brasileiros – os pequenos e os médios -, que na verdade representam cerca de 80% dos cafeicultores nacionais. Além de ter um peso considerável na composição do custo de uma saca de café, a mão-de-obra está começando a ficar escassa. Muitos desses trabalhadores estão sendo aproveitados em outras culturas concorrentes, como é o caso, por exemplo, da cana-de-açúcar.
Um outro fator que está contribuindo para prejudicar os ganhos dos produtores, está relacionado às chuvas que neste ano se precipitaram de uma forma mais intensa, nas principais regiões produtoras de café, exatamente nos meses em que estava se intensificando a colheita. Com isso a qualidade do produto apurado deverá ficar, pelo menos, parcialmente comprometida, redundando em preços menores para esse cafeicultor.
Em função desse rol de dificuldades que foi mencionado acima, estima-se que a produtividade apurada por esses agricultores deverá sofrer uma redução, isso, tendo como referência um ano de safra cheia, uma vez que o ano-safra 2010/2011 será, também, um período de carga plena. Não seria nada improvável que viesse a ocorrer uma redução em torno de 4%, na produtividade média nacional, nos pomares de arábica. Levando-se em consideração que no último ano de bienalidade positiva (ou seja, de safra cheia) a produtividade apurada – relativa ao café arábica – foi de 21,44 sacas por hectare (quarta e última estimativa da Conab para a safra de 2008), poderíamos prever para o próximo ano uma rentabilidade média nacional de 20,58 sacas por hectare.
No que se refere à área plantada de café arábica, a Conab está prevendo – na sua terceira estimativa – para este ano (2009/2010), um total de 1.772.950 hectares, sendo 203.891 hectares (ou 11,50%), de área em formação e 1.569.059 hectares (ou 88,50%), de área em produção. Para o próximo ano – 2010/2011 – acredita-se que não ocorrerá uma diminuição da área plantada de 2009/2010 e, portanto, se trabalharia com os mesmos números que foram levantados naquela ocasião.
Tendo em vista que os produtores de conilon tiveram, no ano de 2009, uma margem de ganho relativamente favorável, lhe permitindo proporcionar um tratamento adequado às suas plantas, é de se prever que produtividade média nacional desse tipo de café deverá ter um incremento da ordem de 4%.
Levando-se em consideração que essa produtividade média nacional alcançará, neste ano de 2009, algo em torno de 20,0 sacas por hectares, supõe-se que para a próxima safra essa produtividade deverá atingir 20,80 sacas por hectare. Com isso se alcançaria uma expectativa de produção de café conilon, para o próximo exercício, da ordem de 11.735.880 de sacas por hectare.
Somando-se agora a expectativa de produção de café arábica de 32.291.234 milhões de sacas, com a projeção de produção de café conilon – 11.735.880 de sacas, teríamos uma expectativa de produção para a safra 2010/2011, um total de 44.027.114 de sacas.
Com relação ao consumo doméstico, conjectura-se que deverá ocorrer um incremento de 3%, em relação à previsão do ano anterior, que era de 17,5 milhões de sacas. Portanto, o consumo interno, relativo ao ano-safra 2010/2011, deverá alcançar 18,025 milhões de sacas.
Ainda sobre o consumo interno, constatou-se que a crise econômica-financeira que se abateu sobre várias economias mundiais, praticamente não atingiu esse segmento aqui no Brasil. Novas cafeterias – cada vez mais sofisticadas – continuam a ser instaladas nas grandes metrópoles e cidades de porte médio. O consumo de cafés especiais e gourmets, é cada vez mais incentivado pelos meios de comunicação, pelas grandes redes varejistas e pela própria ABIC – Associação Brasileira da Indústria de Café, através de uma sistemática campanha de marketing.
As informações são da Conab, elaboradas pela Equipe CaféPoint / Café e Mercado.