13 de Janeiro de 2015
Números de janeiro já eram esperados e ainda há dúvidas sobre clima no Brasil
Por Raphael Salomão / Globo Rural
Conab estima produção de café em até 46,41 milhões de sacas (Foto: Marcelo Min/Ed. Globo)A projeção de safra de café, divulgada nesta terça-feira (13/1) pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) veio dentro das expectativas e não aliviam a atual cenário do mercado de café, que é de preocupação. A avaliação é do diretor do Escritório Carvalhaes, de Santos (SP), Eduardo Carvalhaes.
De acordo com a Conab, a produção nacional em 2015 deve ficar entre 44,11 e 46,41 milhões de sacas de 60 quilos. A safra de 2014 foi calculada em 45,34 milhões de sacas. A produção de café arábica, em que o Brasil lidera a oferta mundial, deve ficar entre 32,5 e 34,4 milhões de sacas. A colheita de conilon, concentrada no estado do Espírito Santo, deve variar de 11,61 a 12,21 milhões de sacas.
“Não chega a mexer com o mercado porque veio dentro do esperado, principalmente no arábica. A discussão maior será no conilon, que veio abaixo da expectativa. Mas o mercado já vinha absorvendo essas estimativas,” afirma o especialista.
De qualquer forma, Eduardo Carvalhaes acredita que a situação ainda é de “muita incerteza”, especialmente sobre os efeitos do clima neste mês, o principal para o desenvolvimento dos frutos. “As chuvas vieram depois de 10 meses de seca, o que é pouco. Em janeiro, além do forte calor, os mapas climáticos não apontam chuvas pelo menos até o dia 27 e os efeitos disso serão percebidos mais lá na frente”, diz.
Com relação aos preços, Carvalhaes avalia que, mesmo diante das preocupações do mercado, não vê motivos de pressão baixista, pelo menos neste momento. Ele questiona, inclusive, se o patamar de US$ 2 por libra-peso para o café arábica em Nova York pode ser considerado um limite. “Os US$ 2 por libra era caro há 30 anos, quando dólar não estava neste nível”.
Além da questão climática, ele lembra que o consumo interno vem crescendo, de acordo com projeções do próprio setor. No exterior, a demanda também é crescente, especialmente na Ásia e que, mesmo com exportação recorde do Brasil em 2014, os Estados Unidos, principal comprador, registraram redução de estoques.
“É um indicador importante de que o que está sendo comprado é consumido. O mercado está praticamente da mão para a boca. Há um equilíbrio precário entre oferta e demanda, que deve permanecer até a entrada da safra nova, no meio do ano”, avalia.
Considerando só o consumo interno e as exportações, Eduardo Carvalhaes calcula que a demanda total pelo café brasileiro passa de 50 milhões de sacas. A dúvida é o quanto há de estoques de passagem nos armazéns. “Evidentemente, não dá para saber exatamente o quanto está estocado, mas não acredito que tenha café sobrando. Não tem produto para atender a necessidade brasileira.”