quinta-feira, 6 de setembro de 2012 11:28
Por Roberto Samora
SÃO PAULO, 6 Set (Reuters) – A safra de café do Brasil 2012/13 foi estimada nesta quinta-feira pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) em um recorde de 50,5 milhões de sacas de 60 kg, estável ante projeção de maio.
A colheita 12/13 do maior produtor e exportador global, que está na reta final, crescerá 16 por cento ante safra anterior e será 4,9 por cento maior na comparação com o último ano de alta da produção (2010/11), segundo comunicado da Conab.
“O ano de alta bienalidade e o investimento realizado pelo produtor na lavoura são os responsáveis pelo crescimento”, afirmou a companhia.
“Confirmada a expectativa, esta será a maior safra produzida no país, superando até mesmo o recorde anterior de 48,48 milhões de sacas, do período 2002/2003.”
A colheita de café arábica foi estimada em 37,95 milhões de sacas (alta de 17,9 por cento ante a safra anterior), enquanto a de robusta foi prevista em 12,54 milhões de sacas (alta de 11 por cento).
A área plantada totaliza 2,34 milhões de hectares, alta de 2,70 por cento sobre a safra anterior.
O Estado de Minas Gerais concentra a maior área plantada, com 1,21 milhão hectares, enquanto o Espírito Santo ocupa o segundo lugar, com área de 491,49 mil hectares, com prevalência de café robusta.
Os dados divulgados nesta quinta-feira referem-se à pesquisa realizada na segunda quinzena do mês passado, quando foram visitados os municípios dos principais Estados produtores, que representam 98 por cento da produção nacional.
Por volta das 11h25, os futuros do café arábica negociados em Nova York operavam em queda de mais de 2 por cento, com o contrato dezembro sendo negociado em torno de 1,5715 dólar por libra-peso.
PREVISÃO ABAIXO DO MERCADO
A previsão da Conab, embora indique um recorde, está abaixo de algumas estimativas do mercado, como ocorre tradicionalmente.
A consultoria Safras & Mercado prevê, por exemplo, uma produção de 54,9 milhões de sacas, com produtores tendo colhido mais de 90 por cento da produção.
Apesar do volume recorde, parte da safra teve a qualidade afetada por pesadas chuvas atípicas no início da colheita, admitiu a própria Conab.
“A ocorrência de precipitações na maioria das regiões do Estado (Minas Gerais), a partir do início da colheita, acabou prejudicando em menor ou maior escala a qualidade do café, com a fermentação e aumento de queda dos grãos.”
“Nas regiões da Zona da Mata e do Vale do Rio Doce, as condições climáticas foram mais adversas para a lavoura cafeeira, penalizando o desenvolvimento dos frutos e a qualidade final do produto (bebida)”, acrescentou a estatal em relatório.
A Cooxupé, maior cooperativa de café do mundo, classificou apenas 59,06 por cento do café da safra 2012/13, recebido até 31 de agosto, como bebida dura para melhor, segundo comunicado divulgado nesta quinta-feira.
Por outro lado, a Conab destaca que houve uma melhora nos processos de produção nos últimos anos.
Nas últimas quatro safras de bienalidade positiva, a produção mantém um crescimento constante (veja quadro abaixo), “demonstrando que a maior utilização da mecanização, aliada às inovações tecnológicas, às exigências do mercado, à qualidade do produto e à boa gestão da atividade”.
Esses “são fatores extremamente importantes e necessários para o avanço e modernização da cafeicultura”, ressaltou a conab.