18/12/2006 12:12:21 –
A estiagem que afetou os cafezais no início do ano, prejudicando a formação dos brotinhos, vai provocar uma quebra de 3,9% na produção brasileira de café em relação à última safra com efeito de bianualidade baixa (2005/06). Segundo a estimativa da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), divulgada na última sexta-feira, o País vai colher entre 31,7 e 32,3 milhões de sacas (de 60 quilos) ante às 33 milhões de sacas da temporada 2005/06. Em relação à última colheita, avaliada em 42,5 milhões de sacas, a produção ficará entre 23,9% e 26,9% menor. A estatal revisou os números da safra 2006/07.
A safra atual ficou 2,16% acima da última estimativa da Companhia, divulgada em agosto, quando previa 41,6 milhões de sacas. “O maior emprego de tecnologia fez a produtividade dos cafezais aumentar”, disse Vilmondes Olegário da Silva, diretor do Departamento de café do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. A produtividade média é de 19,75 sacas por hectare, valor 32,9% em relação à anterior (05/06), de ciclo produtivo mais baixo.
Safra 2007/08Além da redução por conta da estiagem, o Brasil vai colher menos café na safra 2007/08 devido à bianualidade da lavoura – efeito natural da commodity que perde produtividade a cada dois anos.
A produção do café arábica deve ficar entre 21,3 e 22,4 milhões de sacas, caindo entre 26,9% e 23,9% em relação à anterior. A área plantada da safra 2007/08 está prevista em 2,09 milhões de hectares, 2,8% menor que à anterior, de 2,15 milhões. A maior queda ocorre em Minas Gerais e São Paulo, onde parte das terras foi substituída pelo plantio de cana-de-açúcar.
Para o analista da consultoria Safra & Mercado, Gil Barabach, a projeção de safra da Conab não surpreendeu, pois o mercado já esperava volumes parecidos. A consultoria prevê uma colheita da ordem de 35,05 milhões de sacas.
O cenário para o ano que vem é de falta de café no mercado e, consequentemente , de preços altos devido aos estoques baixos e à perspectiva de uma colheita menor. Segundo Silva, os atuais patamares de preços – quase R$ 300 a saca – já começam a remunerar o setor produtivo.