Compra de fundo e de indústria sustenta preços na ICE

3 de setembro de 2008 | Sem comentários Comércio Exportação
Por: AGÊNCIA ESTADO

São Paulo, 3 – Apesar do esperado comportamento negativo de ontem, os contratos futuros de café arábica na Bolsa de Nova York (ICE Futures US) encontram bom suporte na compra de fundos e da indústria torrefadora. O mercado já descontou o prêmio que havia sido estabelecido para a chegada do furacão Gustav à Louisiana, nos Estados Unidos.


Dezembro fechou ontem em queda de 0,89% (menos 130 pontos), a 144,45 cents. O mercado trabalho no terreno negativo ao longo de toda a sessão. A máxima ficou 50 pontos abaixo do fechamento anterior, marcando 145,25 cents. A mínima foi de 395 pontos, a 141,80 cents.


Segundo um operador do Newedge Group, os preços já tinham escorregado um pouco na Sexta-feira (na Segunda-feira não houve pregão na ICE por causa do feriado de Dia do Trabalho nos EUA), e ontem prosseguiu descontando o prêmio estabelecido pela aproximação do furacão Gustav à Louisiana.


O petróleo caiu US$ 10,00 em relação ao fechamento de sexta-feira na Nymex eletrônica, com investidores devolvendo o prêmio embutido na expectativa da passagem do furacão Gustav que, numa análise preliminar, não provocou os estragos previstos nas instalações das companhias de petróleo do Golfo do México. Conforme a fonte, as informações são de que o furacão levou chuvas à Louisiana, mas sem provocar danos significativos aos armazéns de café da região.


O operador acrescenta que, em escala de baixa, por volta de 142 cents e na mínima de 141,80 cents, apareceu suporte de compra de fundos e de torradores. A indústria não esperou a correção técnica se completar até 140 cents, para iniciar compras, avalia o operador. Esses participantes já podem estar se posicionando diante da perspectiva de aumento da demanda no período de outono/inverno no Hemisfério Norte.


O aumento da posição comprada dos fundos de investimento em cerca de 4 mil lotes ao longo de uma semana também pode ter animado os participantes, diz o operador. Os fundos passaram de saldo líquido comprado de 8.982 lotes no dia 19 de agosto para 13.430 lotes no dia 26 de agosto.


Além disso, o operador da Newedge observa que as vendas de origem não têm se mostrado agressivas, apesar da grande safra esperada no Brasil. Os produtores reclamam da elevação dos custos de produção, principalmente com mão-de-obra e fertilizantes. O exportador relata dificuldade na fixação de preço, por causa dos diferenciais apertados.


O euro caiu abaixo de US$ 1,45 pela primeira vez desde fevereiro, prejudicado pela recuperação do dólar na esteira das vendas dos contratos de petróleo. Na mínima, o euro operou em US$ 1,4466. A queda do euro refletia a retração no índice de atividade de manufatura na zona do euro, divulgado na segunda-feira, sinalizando mais risco de recessão na economia européia.


Tecnicamente, o fechamento do café ontem em Nova York foi construtivo, longe da mínima. Conforme a fonte, os contratos podem tentar agora consolidar os atuais níveis, por volta de 144,50 cents. No médio prazo, o mercado pode tentar a resistência a 150 cents.


Os contratos futuros de robusta na Bolsa de Londres (Liffe) fecharam em leve alta ontem, corrigindo parte das fortes perdas da sessão anterior. Novembro na Liffe encerrou em alta de 0,27% (mais 6 dólares), a 2.253 dólares/t.


Mercado físico segue quieto


O mercado físico de café está quieto, com pouco volume de negócios. “Quem vive da comissão de venda de café está em apuros”, comenta um corretor de Santos (SP). O produtor segura o café, na expectativa de melhores preços. O exportador, por sua vez, está quase parado, com a fraca demanda do exterior.


Os operadores no mercado interno mostram desinteresse no desempenho dos contratos futuros na Bolsa de Nova York, que teve queda de cerca de 0,9%, base dezembro. A alta de quase 1% do dólar em relação ao real compensou a desvalorização no mercado futuro de café.


No mercado físico praticamente parado, as cotações seguem estáveis. Café tipo 6, safra nova, bebida dura para melhor, com até 15% de catação, está cotado a R$ 255/R$ 260, dependendo da qualidade. Produto fino, bica corrida, com até 10% de catação, vale entre R$ 265/R$ 270 a saca.


O comentário na praça de Santos é que a Cooperativa dos Cafeicultores de Três Pontas (Cocatrel), do sul de Minas, teria vendido café safra nova, tipo 6, bebida dura para melhor, com 15% de catação, a R$ 260 a saca de 60 kg, posto em Varginha, também no sul de Minas. O comprador teria sido a torrefadora Sara Lee, abocanhando cerca de 2 mil sacas.


O valor à vista em reais do indicador do café Arábica calculado pela Esalq ficou em R$ 257,89/saca (+0,10%). Em dólar, o valor ficou em US$ 155,07/saca (-0,86%). A prazo, a cotação ficou em R$ 259,36/saca (+0,10%).


Na Bolsa de Mercadoria & Futuros (BM&FBovespa) de São Paulo, os contratos futuros de café arábica fecharam misto. Setembro encerrou em leve alta de 10 pontos, a US$ 178,00 a saca de 60 kg. Dezembro caiu 45 pontos, a US$ 174,65 a saca.


No Espírito Santo, os baixos preços afastam o vendedor, informa um corretor de Vitória. “O mercado não está atrativo”, diz a fonte.


Comentários sobre a falta de chuvas começam a preocupar os cafeicultores. A meteorologia informa que não há previsão de grande volume de chuva nas regiões produtoras nos próximos 15 dias. No mercado capixaba, café conillon está cotado a R$ 210 a saca. Café arábica, bebida rio, R$ 220/R$ 222 a saca.


O leilão de CPR (aviso 13.744), realizado ontem pelo Banco do Brasil, teve oferta de 15 lotes. Nenhum deles foi negociado.


Levantamento preliminar do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) mostra que os embarques de grãos verdes em agosto alcançam 1.732.529 sacas. Em julho foram embarcadas 1.756.226 sacas.



 

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