Comportamento do café da Colômbia diante doas novas altas de preço

A expectativa sobre os possíveis danos que a invasão de massas de ar frio pode causar à cafeicultura do centro-sul do Brasil gera alegria para muitos colombianos ao relembrar a bonança de 1975 a 1978.

11 de agosto de 2021 | Sem comentários Comércio
Por: Guillermo Trujillo Estrada
10/08/2021 –  No entanto, verifica-se pelo comportamento dos preços internacionais que, assim que passou a expectativa de uma segunda geada, em 29 de julho, o preço imediatamente caiu 0,25 dólar. Assim, frustram-se as ilusões de muitos cafeicultores que sonhavam em atingir o preço doméstico de 1977, que, corrigido pela inflação, hoje seria próximo a 2,6 milhões de pesos (650 dólares) a carga de 125 quilos.
De qualquer forma, o preço que já havia subido para 1,4 milhão de pesos (350 dólares) devido a futuras compras de especuladores, agora com esse déficit temporário, se ficar em torno de 1,6 milhão de pesos (400 dólares) é absolutamente espetacular e constitui uma bonança para os produtores, que verão sua renda dobrar.
O preço máximo atingido, em torno de 2 dólares, é inferior aos 3,08 dólares de abril de 2011 quando o preço interno atingiu 1,070 milhão de pesos (267,5 dólares). No entanto, os cafeicultores não guardaram um único peso no cofrinho e, em 2012, o preço caiu para 521.262 pesos (130,36 dólares). O governo de Santos teve de subsidiar, porém, os cafeicultores organizaram a greve de 2013.
Portanto, os colombianos só desejam administrar suas finanças com cuidado, desfrutar de sua bonança e não resolver em dois anos, quando chegar a próxima crise de preços, que o orçamento nacional terá de subsidiar o preço interno. Isso poderia acontecer se nos ativermos à afirmação de Roberto Vélez, diretor executivo da Federação, contrariando a possibilidade de economia institucional, o que alegra a turma do café, mas esquecendo que essa atividade é de longo prazo.
Menor serviço foi prestado ao café por quem ajudou a afundar a lei de reforma tributária, que propunha que fosse ad valorem de 5%, limitado a 1,60 dólar para arrecadar até o máximo de 0,08 dólar para o Fundo Nacional do Café, e, acima desse preço, destinado a um fundo de estabilização de preços.
Em benefício do Fundo, atualmente a taxa de câmbio aumentou mais de 100% e a produção exportada quase dobrou, portanto, sua receita é próxima a 400 bilhões de pesos (100 milhões de dólares).
Mas como não há felicidade completa, a bonança de renda pode acabar sendo a falência das instituições dos cafeicultores.
O diretor executivo já disse que “podemos acabar com todas as cooperativas de cafeicultores falidas” devido ao rompimento dos futuros, que já são de 257 mil sacas, e cobri-los, a preços de hoje, podem valer mais de 100 bilhões de pesos. Mas o risco máximo possível é de 1,69 milhão de sacas que se vendem no futuro e que, se perdidas, o prejuízo pode chegar a mais de 600 bilhões de pesos (150 milhões de dólares).
Não esqueçamos que o Fundo Nacional teria de honrar o compromisso exportando o físico, escoando o estoque e comprando o café a preço de mercado, pois é o responsável final.
Situação semelhante originou há 100 anos a quebra de exportadores colombianos, para cumprir contratos no exterior com empresas estrangeiras que haviam antecipado os recursos e pactuado o preço, o que justamente deu origem à criação da Federação Nacional dos Cafeicultores em 1927 e à constituição do Fundo Nacional do Café em 1940.

Mais Notícias

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.