Complexo Cafeeiro






por José Maria da Silveira








recupera a navegação

A cultura de café chegou a representar 70% das exportações brasileiras. Hoje, ainda permanece importante nas vendas externas de produtos de origem agrícola – está entre os seis principais itens na pauta de exportação do País -, mas está sujeita a oscilações dos preços internacionais (que têm flutuado mais intensamente com o fim da Organização Internacional do Café) e aos problemas provocados pelo clima.














Podem-se resumir os principais aspectos que prejudicam a competitividade internacional da cafeicultura:


a) deficiência na qualidade, baixa produtividade, custos de transporte elevados e ociosidade na indústria de processamento;


b) bloqueio de mercado (principalmente na distribuição e no controle de marcas) causado por acordos comerciais à penetração do produto brasileiro;


c) a tributação imposta pelos países importadores.


A produção brasileira está regionalizada em basicamente dois pólos. Um, na região sul do estado de Minas Gerais – e mais recentemente no Cerrado Minerio -, onde se concentram variedades de café arabica suficientes para produzir um café de qualidade, adaptadas a novas técnicas de produção, como a do “café adensado”. Outro, onde se encontra produção de cafés de baixa qualidade, voltados basicamente para a composição de misturas (blends) pelos produtores internacionais, utilizando basicamente as espécies chamadas robusta.


A perda de controle por parte do Brasil do mercado mundial (o País já teve 80% do mercado mundial e hoje apenas cumpre sua cota de 25%, ou de 18 milhões de toneladas/ano) teve alguns aspectos positivos. Entre eles, o de alertar para a necessidade de introduzir conceitos de qualidade e dar maior atenção à diferenciação do produto, explorando internacionalmente a faixa gourmet, hoje dominada pela Colômbia e por países da América Central. A tendência para a introdução de técnicas de adensamento da produção, o uso crescente da irrigação (em Minas Gerais), a concentração do plantio em regiões de baixa incidência de geadas e a busca de mercados de qualidade abrem a perspectiva de retomada de parte do espaço perdido no período em que o País se dedicou apenas a administrar uma política de preços e tarifas de exportação elevados.


Em algumas regiões, os aumentos significativos de produtividade (chegando a 40 sacas/60 kg por hectare), a disponibilidade de terras para a duplicação das áreas apropriadas à produção de cafés de melhor qualidade e a melhoria da qualidade na etapa de torrefação sugerem que o café brasileiro tende a recuperar sua competitividade no mercado internacional, a despeito dos problemas apresentados.

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