Informe Necaf – Consórcio Brasileiro de Desenvolvimento e Pesquisa do Café.
A atuação no atual mercado de café, hoje em regime de liberdade, requer competência e eficácia de seus participantes, em contraste com as comodidades e facilidades existentes em um mercado intervencionista. O mercado livre exige mudanças na forma de atuação de todos os agentes da economia cafeeira que têm de conviver com os desafios impostos pela concorrência externa e interna, vigente no setor. Assim sendo, a compatibilização de interesses de todos os setores de produção poderá redundar em competência no todo.
O aumento da concorrência e a tendência de concentração do mercado tem determinado margens de lucro menores aos cafeicultores, dado os menores preços do produto. Baixar os custos, para que essas margens não diminuam tanto, pode ensejar a manutenção no mercado, ao tempo em que uma gestão estruturada em tecnologia poderá permitir às empresas oferecer mais por menos preço.
O acirramento da competição internacional está exigindo do cafeicultor maior eficiência e esta será condição para manter-se na atividade. Correm maiores riscos os produtores com menores possibilidades de investir em tecnologia capaz de propiciar produtividade mais elevada. A competitividade pode ser perseguida pela alta produtividade dos cafezais, adequadamente
cultivados. Maior rentabilidade pode ser obtida através de adequada administração, de programação empresarial da atividade e de comercialização eficiente.
Como garantir eficiência com alta produtividade, que se consegue com a utilização de tecnologia adequada ou tecnologia determinada através da pesquisa. Fazendo com que os meios de produção (terra, mão-de-obra, adubos, fungicidas, inseticidas, etc.) sejam bem aproveitados; ou usados de melhor maneira possível, ou ainda, tenham alta produtividade: Dar à terra maior uso (maior densidade de plantio). Observar como trabalham os empregados. Aplicar os adubos, fungicidas, inseticidas, etc., na quantidade certa, na hora certa. Orientar-se por resultados de pesquisas e não por apelo comercial de vendedores.
Obtendo o menor custo pelo bom gerenciamento dos meios de produção, pela compra correta dos fatores de produção e pela pesquisa do mercado desses fatores. Pesquisa feita pela Epamig comprovou, utilizando dados de dez anos, que o fertilizante usado na agricultura tem menores preços entre dezembro e julho, sendo o mês de julho, o de menor preço. Em setembro e dezembro alcançam os maiores preços porque esse período corresponde ao plantio das culturas anuais para as quais se compra adubo. O cafeicultor deve, portanto, evitar comprar os adubos na época de sua aplicação, como a maioria faz (entre outubro e dezembro) e comprá-los logo após a colheita do café junho/julho) quando os preços são mais baixos. Boa política também é consultar os preços dos insumos em várias lojas. Pesquise e questione os preços dos insumos que vai comprar.
Comercializando bem o seu produto. Procure informar-se sobre os preços vigentes. Não entregue o seu produto para o primeiro comprador. Se o seu volume de produção é pequeno, associe-se a um grupo de produtores ou filie-se a uma cooperativa. Solicite à cooperativa que prove seu café de modo que saiba qual o tipo que está vendendo, não precisando aceitar a classificação que o comprador fizer.
Acompanhe o mercado e espere o momento em que obtenha o maior preço. Um estudo feito pela Epamig, utilizando médias de preços de café em vinte anos, constatou que os maiores preços ocorrem de dezembro a maio e os menores, entre junho e novembro.
O sucesso do empreendimento na cafeicultura depende, em grande parte, da comercialização do produto gerado. Há sempre na comercialização a incerteza quanto ao preço que o produto atingirá ao fim do processo de produção. No Brasil são cerca de 300 mil cafeicultores que todo ano têm que vender seu café. Há sempre por parte desses a pergunta aos técnicos que estudam a cafeicultura sobre época de venda do café ou se o preço está bom.
A comercialização do café, do ponto do cafeicultor, significa a última operação da produção. É uma etapa incomoda, trabalhosa e arriscada principalmente pela incompreensão do sistema de preços na hora da venda. Diversas firmas com finalidades diferentes negociam com o café. São exportadores, cooperativas, torrefações, cafeicultores que comercializam diretamente ou através de corretores. Os cafeicultores vendem para maquinistas, torrefações, indústrias de solúvel e para firmas exportadoras. Devido à complexidade do mercado de café, é conveniente que se faça a administração dos riscos desse mercado de maneira semelhante ao que faz no mercado de ações. Os preços podem ser preferidos considerando-se: rentabilidade, liquidez e segurança. Se o cafeicultor visa alta rentabilidade e quer obter o valor máximo pelo seu produto, deve preferir o preço no “pico”. Se ele faz opção por vender pelo maior pico, está ele perseguindo rentabilidade. Os preços de venda visando liquidez são aqueles pelos quais se pode vender a qualquer tempo. Liquidez é a facilidade de vender a mercadoria a qualquer tempo que for necessária a venda. As vendas feitas visando segurança são aquelas que garantem o recebimento do seu valor combinado.
Cada cafeicultor é um caso particular quanto à preferência por rentabilidade, liquidez e garantia. Alguns podem acompanhar o mercado e esperar o momento em que obtenham o maior preço. Outros precisam vender imediatamente após a colheita, pois precisam assumir compromissos de pagamento do custo. Para este, o interesse é a liquidez, ou seja encontrar o comprador no momento em que necessite do dinheiro.
Escolhendo a melhor época de venda. Se o cafeicultor quer obter maior rentabilidade terá que vender, o seu produto na época de “pico” de preço. Tomando-se por base a experiência de venda do cafeicultor e analisando-se as tendências do mercado, pode-se dividir o ano cafeeiro em períodos. Esses períodos seriam:
a) Agosto a novembro: é o período após a colheita quando acontecem as maiores vendas de café. O cafeicultor vende para saldar seus compromissos e resolver o problema de necessidade de dinheiro. É época de grande liquidez, mas os preços são os mais baixos do ano. O mercado é firme e comprador:
b) Dezembro a abril: período em que a maioria dos cafeicultores vendeu seu produto. Restam os de melhor condição econômico-financeira. Nesse período, acontecem os picos de preços mas o mercado é instável e, às vezes, fica comprador algumas horas, um dia ou semana, logo, não tem liquidez. É nessa época que os países compradores estão repondo estoques. Nesses países é inverno, ocasião de maior consumo de café;
c) Maio a julho: O número de negócios é menor e a liquidez é pequena. O mercado apresenta-se nervoso. Ocorre geadas e secas. O conhecimento das safras futuras é impreciso, bem como o balanço dos estoques nas mãos de particulares, torrefadores e firmas exportadoras, etc. Os produtores que vendem nessa época procedem como se estivessem em um jogo. Se acontece uma geada forte e a época é de escassez, o preço sobe e o cafeicultor tem grande rentabilidade.
Administrando Riscos de Preços, quanto a isto podemos considerar os aspectos:
Vendendo de maneira parcelada: Como o mercado de café tem grande variação e preços e variado número de negócios no ano, é necessário determinar a melhor estratégia, para a comercialização do café. É conveniente fazer uma diversificação nas vendas de acordo com a situação do cafeicultor e do mercado para no final obter preço médio vantajoso, É possível organizar as vendas de modo que elas apresentem, em média, certo grau e rentabilidade, liquidez e segurança compatíveis com o caso de cada cafeicultor.
Defendendo-se contra as mudanças bruscas de preços através de financiamento de safra: a obtenção de financiamento pode ser interessante por possibilitar a venda do produto em época mais propícia. Observe, entretanto, os juros. Veja-se o que vai ganhar no preço é mais do que o que pagar pelo financiamento.
Ganhando na produtividade e custo de produção: em anos de preços baixos só os cafeicultores que têm alta produtividade não se descapitalizam. Maior produtividade resulta em menor custo unitário do produto, permitindo maior ganho.
Investindo em qualidade, tipo, bebida, ponto de seca: esses fatores chegam a representar até 25% do preço do café.
Fazer o planejamento da comercialização: ajuda na administração das vendas.
Não tentar adivinhar coisas relativas a preços: procurar informações.
Conhecendo bem a sua atividade – O cafeeiro tem um cicio bienal,
ou seja, produz muito em um ano e menos no outro. Todos conhecem o ditado que diz que o “cafeeiro um ano veste o dono no outro ele se veste”. O cafeicultor precisa estar atento a esta característica. É preciso reservar dinheiro, obtido no ano de alta para custear a lavoura no ano de baixa produção, quando a receita do café é pequena e os tratos culturais precisam ser feitos, da mesma forma que em um de alta produção, para que se mantenha a produtividade alta no ano seguinte.
Glória Zélia Teixeira Caixeta (Pesquisadora da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais)
A atuação no atual mercado de café, hoje em regime de liberdade, requer competência e eficácia de seus participantes, em contraste com as comodidades e facilidades existentes em um mercado intervencionista. O mercado livre exige mudanças na forma de atuação de todos os agentes da economia cafeeira que têm de conviver com os desafios impostos pela concorrência externa e interna, vigente no setor. Assim sendo, a compatibilização de interesses de todos os setores de produção poderá redundar em competência no todo.
02/05/06
Informe Necaf – Consórcio Brasileiro de Desenvolvimento e Pesquisa do Café.
O aumento da concorrência e a tendência de concentração do mercado tem determinado margens de lucro menores aos cafeicultores, dado os menores preços do produto. Baixar os custos, para que essas margens não diminuam tanto, pode ensejar a manutenção no mercado, ao tempo em que uma gestão estruturada em tecnologia poderá permitir às empresas oferecer mais por menos preço.
O acirramento da competição internacional está exigindo do cafeicultor maior eficiência e esta será condição para manter-se na atividade. Correm maiores riscos os produtores com menores possibilidades de investir em tecnologia capaz de propiciar produtividade mais elevada. A competitividade pode ser perseguida pela alta produtividade dos cafezais, adequadamente cultivados. Maior rentabilidade pode ser obtida através de adequada administração, de programação empresarial da atividade e de comercialização eficiente.
Como garantir eficiência com alta produtividade, que se consegue com a utilização de tecnologia adequada ou tecnologia determinada através da pesquisa. Fazendo com que os meios de produção (terra, mão-de-obra, adubos, fungicidas, inseticidas, etc.) sejam bem aproveitados; ou usados de melhor maneira possível, ou ainda, tenham alta produtividade: Dar à terra maior uso (maior densidade de plantio). Observar como trabalham os empregados. Aplicar os adubos, fungicidas, inseticidas, etc., na quantidade certa, na hora certa. Orientar-se por resultados de pesquisas e não por apelo comercial de vendedores.
Obtendo o menor custo pelo bom gerenciamento dos meios de produção, pela compra correta dos fatores de produção e pela pesquisa do mercado desses fatores. Pesquisa feita pela Epamig comprovou, utilizando dados de dez anos, que o fertilizante usado na agricultura tem menores preços entre dezembro e julho, sendo o mês de julho, o de menor preço. Em setembro e dezembro alcançam os maiores preços porque esse período corresponde ao plantio das culturas anuais para as quais se compra adubo. O cafeicultor deve, portanto, evitar comprar os adubos na época de sua aplicação, como a maioria faz (entre outubro e dezembro) e comprá-los logo após a colheita do café junho/julho) quando os preços são mais baixos. Boa política também é consultar os preços dos insumos em várias lojas. Pesquise e questione os preços dos insumos que vai comprar.
Comercializando bem o seu produto. Procure informar-se sobre os preços vigentes. Não entregue o seu produto para o primeiro comprador. Se o seu volume de produção é pequeno, associe-se a um grupo de produtores ou filie-se a uma cooperativa. Solicite à cooperativa que prove seu café de modo que saiba qual o tipo que está vendendo, não precisando aceitar a classificação que o comprador fizer.
Acompanhe o mercado e espere o momento em que obtenha o maior preço. Um estudo feito pela Epamig, utilizando médias de preços de café em vinte anos, constatou que os maiores preços ocorrem de dezembro a maio e os menores, entre junho e novembro.
O sucesso do empreendimento na cafeicultura depende, em grande parte, da comercialização do produto gerado. Há sempre na comercialização a incerteza quanto ao preço que o produto atingirá ao fim do processo de produção. No Brasil são cerca de 300 mil cafeicultores que todo ano têm que vender seu café. Há sempre por parte desses a pergunta aos técnicos que estudam a cafeicultura sobre época de venda do café ou se o preço está bom.
A comercialização do café, do ponto do cafeicultor, significa a última operação da produção. É uma etapa incomoda, trabalhosa e arriscada principalmente pela incompreensão do sistema de preços na hora da venda. Diversas firmas com finalidades diferentes negociam com o café. São exportadores, cooperativas, torrefações, cafeicultores que comercializam diretamente ou através de corretores. Os cafeicultores vendem para maquinistas, torrefações, indústrias de solúvel e para firmas exportadoras. Devido à complexidade do mercado de café, é conveniente que se faça a administração dos riscos desse mercado de maneira semelhante ao que faz no mercado de ações. Os preços podem ser preferidos considerando-se: rentabilidade, liquidez e segurança. Se o cafeicultor visa alta rentabilidade e quer obter o valor máximo pelo seu produto, deve preferir o preço no “pico”. Se ele faz opção por vender pelo maior pico, está ele perseguindo rentabilidade. Os preços de venda visando liquidez são aqueles pelos quais se pode vender a qualquer tempo. Liquidez é a facilidade de vender a mercadoria a qualquer tempo que for necessária a venda. As vendas feitas visando segurança são aquelas que garantem o recebimento do seu valor combinado.
Cada cafeicultor é um caso particular quanto à preferência por rentabilidade, liquidez e garantia. Alguns podem acompanhar o mercado e esperar o momento em que obtenham o maior preço. Outros precisam vender imediatamente após a colheita, pois precisam assumir compromissos de pagamento do custo. Para este, o interesse é a liquidez, ou seja encontrar o comprador no momento em que necessite do dinheiro.
Escolhendo a melhor época de venda. Se o cafeicultor quer obter maior rentabilidade terá que vender, o seu produto na época de “pico” de preço. Tomando-se por base a experiência de venda do cafeicultor e analisando-se as tendências do mercado, pode-se dividir o ano cafeeiro em períodos. Esses períodos seriam:
a) Agosto a novembro: é o período após a colheita quando acontecem as maiores vendas de café. O cafeicultor vende para saldar seus compromissos e resolver o problema de necessidade de dinheiro. É época de grande liquidez, mas os preços são os mais baixos do ano. O mercado é firme e comprador:
b) Dezembro a abril: período em que a maioria dos cafeicultores vendeu seu produto. Restam os de melhor condição econômico-financeira. Nesse período, acontecem os picos de preços mas o mercado é instável e, às vezes, fica comprador algumas horas, um dia ou semana, logo, não tem liquidez. É nessa época que os países compradores estão repondo estoques. Nesses países é inverno, ocasião de maior consumo de café;
c) Maio a julho: O número de negócios é menor e a liquidez é pequena. O mercado apresenta-se nervoso. Ocorre geadas e secas. O conhecimento das safras futuras é impreciso, bem como o balanço dos estoques nas mãos de particulares, torrefadores e firmas exportadoras, etc. Os produtores que vendem nessa época procedem como se estivessem em um jogo. Se acontece uma geada forte e a época é de escassez, o preço sobe e o cafeicultor tem grande rentabilidade.
Administrando Riscos de Preços, quanto a isto podemos considerar os aspectos:
Vendendo de maneira parcelada: Como o mercado de café tem grande variação e preços e variado número de negócios no ano, é necessário determinar a melhor estratégia, para a comercialização do café. É conveniente fazer uma diversificação nas vendas de acordo com a situação do cafeicultor e do mercado para no final obter preço médio vantajoso, É possível organizar as vendas de modo que elas apresentem, em média, certo grau e rentabilidade, liquidez e segurança compatíveis com o caso de cada cafeicultor.
Defendendo-se contra as mudanças bruscas de preços através de financiamento de safra: a obtenção de financiamento pode ser interessante por possibilitar a venda do produto em época mais propícia. Observe, entretanto, os juros. Veja-se o que vai ganhar no preço é mais do que o que pagar pelo financiamento.
Ganhando na produtividade e custo de produção: em anos de preços baixos só os cafeicultores que têm alta produtividade não se descapitalizam. Maior produtividade resulta em menor custo unitário do produto, permitindo maior ganho.
Investindo em qualidade, tipo, bebida, ponto de seca: esses fatores chegam a representar até 25% do preço do café.
Fazer o planejamento da comercialização: ajuda na administração das vendas.
Não tentar adivinhar coisas relativas a preços: procurar informações.
Conhecendo bem a sua atividade – O cafeeiro tem um cicio bienal, ou seja, produz muito em um ano e menos no outro. Todos conhecem o ditado que diz que o “cafeeiro um ano veste o dono no outro ele se veste”. O cafeicultor precisa estar atento a esta característica. É preciso reservar dinheiro, obtido no ano de alta para custear a lavoura no ano de baixa produção, quando a receita do café é pequena e os tratos culturais precisam ser feitos, da mesma forma que em um de alta produção, para que se mantenha a produtividade alta no ano seguinte.
Glória Zélia Teixeira Caixeta (Pesquisadora da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais)