Como fazer para transformar uma lavoura tradicional de café em uma lavoura com grãos especiais, para conseguir um preço melhor no mercado
Resposta Técnica
Assunto Agricultura e pecuária
Palavras-chave Café; Café especial; Café gourmet.
Identificação da demanda Como fazer para transformar uma lavoura tradicional de café em uma lavoura com grãos especiais, para conseguir um preço melhor no mercado.
Solução apresentada
1.INTRODUÇÃO
O Brasil entrou no mercado de cafés especiais há pouco mais de 10 anos e já está conquistando o mercado exterior com o produto. Atualmente, o volume anual está em torno de 500 mil sacas de 60 quilos, segundo dados da Associação Brasileira de Cafés Especiais /BSCA (da sigla em inglês: Brazil Specialty Coffee Association). O grão especial, conhecido como café gourmet, é produzido em lugares com altitudes elevadas – aproximadamente 800 metros e a colheita é realizada quando o grão atinge sua maturidade plena e passa por um processo de secagem especial.
A preparação de um verdadeiro café especial começa com a seleção da área e variedade a ser plantada. O impacto dessas escolhas é essencial, e a qualidade final da bebida não poderá ser modificada depois por práticas culturais ou tipo de processamento.
A escolha do local de plantio relaciona-se com a qualidade do café e a sustentabilidade de seu cultivo. A rigorosa legislação brasileira de proteção ambiental requer um equilíbrio entre plantações, pastagens e florestas. A preservação das florestas naturais é praticada por todos os membros da BSCA, que procuram plantar seus cafezais em áreas contíguas a florestas e preservam as matas ao longo dos rios e riachos e em fundos de vales.
2. CERTIFICAÇÃO
O café especial precisa ser reconhecido como tal por meio de certificações como a da UTZ Kapeh, a da Rain Forest Alliance ou da BSCA. São entidades que asseguram as condições sob as quais o café foi cultivado, como as social ou ambientalmente corretas. Para obter a certificação da BSCA, por exemplo, o produtor precisa, entre outras coisas, comprovar que não realiza queimadas na propriedade e que seus funcionários são registrados.
3. CUSTOS
Os custos de produção do café gourmet são 20% maiores, se comparado ao grão tradicional. Conforme dados da BSCA, o grão custa em média R$ 450 a saca de 60 quilos, enquanto o preço médio do convencional é de aproximadamente R$ 220,00. Nos supermercados e lojas especializadas, o quilo do café especial é comercializado por R$20,00 (preço médio). A estimativa do mercado mundial do café gourmet é atingir um faturamento anual de US$ 500 milhões, sendo que os maiores produtores são os países da América Central e alguns países da África, como Quênia e Etiópia. (Fonte: O Tempo/ BH)
4. MUDANÇA
Mudanças radicais nos métodos de plantio e manejo só fazem sentido se forem acompanhadas por uma outra relação na hora da venda do café, o que também exige do fazendeiro uma atípica compreensão do processo. “É preciso ganhar o mercado e, para tanto, os produtores têm que ir atrás, tornarem-se conhecidos e enfrentar relacionamentos bem diferentes”. Essa também não é uma tarefa fácil, pois o mercado no exterior é extremamente competitivo, apesar de restrito. “Os concorrentes não se cansam de tentar denegrir a imagem do café brasileiro”, assinala o presidente da BSCA.
As adequações de infra-estrutura necessárias para a produção de café de qualidade são significativas. A principal delas é a compra de um pequeno despolpador. O processo de seleção dos grãos no despolpador utiliza-se de água que, se devolvida à natureza sem controle, contamina o solo e mananciais. No caso, o despolpador utiliza um sistema no qual a água é reutilizável durante o processamento, permitindo uma economia de até 80% no consumo. Quando finda o processo de separação dos grãos, a água utilizada é jogada paulatinamente no pasto, servindo de nutriente.
Por mais adequadas que sejam as práticas de lavoura e de secagem dos grãos, nunca uma fazenda consegue 100% de produção especial. Porém, dificilmente um fazendeiro que se dedica ao especial não estará trabalhando outros tipos de café de qualidade superior, a chamada bebida fina, apurada não só com o grão maduro (cereja) mas também com o bóia (seco) e até o verde. A diferença é que as sacas não classificadas como especiais são comercializadas abaixo do preço daquele café diferenciado, mas provavelmente ficarão livres da venda em bica (na qual os grãos estão, normalmente, misturados).
(Fonte: http://www.sebrae.com.br/revistasebrae/09/cafe_02.htm )
Legislação
Portaria 377/99, de 26/04/1999, da ANVISA: Aprova Regulamento Técnico para fixação de identidade e qualidade de Café TG/TM.
Resolução SAA-37, de 13/11/01, da SAA/SP: Define Norma Técnica para fixação de identidade e qualidade de café torrado em grão e café torrado e moído.
Resolução SAA-7, de 09/03/04, da SAA/SP: Altera o item 10.2 da Resolução SAA-37, elevando o Nível Mínimo de Qualidade para 4,5 pontos.
Instrução Normativa 08/03, de 11/06/03, do MAPA: Aprova o Regulamento Técnico de Identidade e de Qualidade para a Classificação do Café Beneficiado Grão Cru.
Portaria 209/02, de 19/12/02, do MDIC: Trata sobre a emissão dos Certificados de Origem do Café. Lei 10.831, de 23/12/03: Dispõe sobre a agricultura orgânica e da outras providências
Pequeno glossário do café
Café tradicional – não há regras para a qualidade do grão.
Café tradicional com selo da Abic – garante que na embalagem há somente café e não impurezas e outros produtos, como milho, palha etc.
Café premium – feito com 80% de grãos arábica (variedade de qualidade superior) e 20% de grãos robusta (inferior).
Café gourmet – feito com 100% de grãos arábica.
Café especial – feito com 100% de grãos arábica e com origem controlada, da semente à xícara.
É 100% tipo exportação, pois tem certificados internacionais.
Estate coffees – café especial feito com blends de grãos produzidos na mesma fazenda
Conclusão e recomendações:
Sugerimos entrar em contato com a BSCA (Associação Brasileira de Cafés Especiais), pois a mesma atua especificamente na orientação a produtores de café especial.
BSCA / BRAZIL SPECIALTY COFFEE ASSOCIATION
Escritório:
Praça Melvin Jones, 154 – Caixa Postal 30
CEP: 37130-000 – Alfenas – MG
Tel.: (35)3292-1880
Fax: (35)3291-9077
E-mail: info@bsca.com.br
http://www.bsca.com.br/
Referências
http://www.bsca.com.br/about.php?lang=pt-BR
http://www2.pocos-net.com.br/Noticia.asp?id=5646
Nome do técnico responsável
Nelma Camêlo de Araujo Bolsista do SBRT
Nome da Instituição respondente
Data de finalização 11/04/2005