Commodities têm queda em maio na BM&F

04/06/2012 
  
 
 
Por Gerson Freitas Jr. | De São Paulo | Valor Econômico


Os preços médios das commodities agrícolas negociadas na BM&F Bovespa cederam ao mau humor dos mercados e caíram entre abril e maio. Dos cinco produtos listados na bolsa paulista, apenas um teve valorização.


O café liderou o movimento, caiu pelo nono mês consecutivo e registrou o menor preço desde setembro de 2010. Na média, os contratos futuros de segunda posição de entrega (normalmente, a de maior liquidez) do café arábica foram negociados a US$ 221,79 a saca, uma desvalorização de 3,81% em relação a abril e de 25,92% ante dezembro.


Segundo analistas, o mercado continua a devolver os ganhos acumulados entre o fim de 2010 e meados e 2011, quando experimentou um período de extrema escassez do produto.


A pressão acentuou-se com o início da colheita da safra 2012/13 no Brasil, que deverá ser a maior da história, nas últimas semanas. Segundo a consultoria Safras & Mercado, a produção doméstica deve crescer 14% nesta temporada, para 55 milhões de sacas. A alta do dólar, que estimula as exportações do Brasil, e os temores relacionados à demanda em meio à piora da economia também pesaram sobre os futuros da commodity.


Os contratos de milho cederam 1,82%, para R$ 24,79 a saca, em maio. O avanço da colheita brasileira e a expectativa de produção recorde nos Estados Unidos e aumento dos estoques globais pesaram sobre os futuros do grão.


Embora a produção tenha sido castigada pela estiagem no Sul do país, as perdas devem ser mais do que compensadas pela segunda safra. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estima uma colheita de 66 milhões de toneladas até o fim da temporada, em junho – um recorde.


Como são cotados em reais (ao contrário do café), os contratos de milho da BM&F foram beneficiados pela desvalorização do câmbio, que atenuou a pressão vinda de fora – na bolsa de Chicago, onde se formam os preços internacionais do milho, a commodity cedeu 9,27% em maio.


Já os preços da soja negociada na bolsa paulista acompanharam de perto o movimento das cotações em Chicago. Na média, os contratos da oleaginosa foram negociados a US$ 32,12 por saca, queda de 0,96% ante a média de abril. Apesar do recuo, a commodity acumula valorização de 22,2% desde o início do ano, impulsionada pela quebra da safra na América do Sul, a pressão sobre os estoques americanos e a necessidade de se estimular o aumento da área plantada nos Estados Unidos.


Após uma ligeira recuperação em abril, o preço do boi gordo voltou a cair em maio e atingiu o menor patamar desde setembro de 2010. Na média, os contratos de segunda posição recuaram 0,99%, para R$ 94,85 por arroba. As cotações do boi gordo recuaram em cinco dos últimos seis meses, pressionadas pelo aumento da oferta de animais para abate e o fraco consumo doméstico nos primeiros meses do ano. Em 2012, o boi acumula queda de 3,3%.


A única exceção à regra em maio foi o etanol, que subiu 1,1%, para R$ 1.166,07 o metro cúbico. Os preços do combustível foram sustentados pelo atraso no início da moagem de cana da safra 2012/13, que prolongou os efeitos da entressafra sobre a oferta do produto. Mesmo assim, a commodity acumula desvalorização de 10% em 2012.
 

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