FRANKFURT (Reuters) – Os preços dos produtos agrícolas podem ser os próximos entre as commodities a subirem, afirmou nesta terça-feira o pesquisador-chefe para a área do Deutsche Bank, Michael Lewis.
“Os preços das commodities agrícolas permanecem bem abaixo das máximas de todos os tempos”, declarou ele.
“Se outras partes do complexo de commodities dão sinais de direção, então investidores deveriam estar preparados para preços bem mais altos provocados por déficits na China, eventos climáticos e colheitas bem menores vindas nos próximos dois anos”, acrescentou ele.
Segundo o executivo do Deutsche Bank, os preços do café, açúcar, cacau e milho estão entre os mais desvalorizados do setor agrícola.
Ele afirmou em uma conferência organizada pela Dow Jones, em Frankfurt, que há vários fatores altistas para os preços agrícolas.
O rigoroso inverno na Rússia provocou uma queda na safra, enquanto uma seca na Argentina afetou o plantio e a produção.
“Depois de uma boa colheita em 2005, os subsídios agrícolas na China estão sendo removidos”, ele disse.
“A necessidade de soja do país deve ser intensificada.”
Como ocorre com os metais, a demanda chinesa vai provavelmente ser o principal fator de suporte dos preços agrícolas.
A ascensão da China à OMC (Organização Mundial de Comércio), o forte crescimento econômico e a urbanização do país ajudou a dobrar as importações agrícolas dos chineses desde 2002, lembrou o executivo.
“O mais notável crescimento de importações agrícolas em volumes nos últimos anos tem sido em soja.”
“Nos próximos 18 meses, nós esperamos que a China passe de um exportador de milho para um importador”, comentou, observando que essa mudança provavelmente afetará os preços.
A gripe aviária continua sendo um risco, pelo fato de 75 por cento da demanda de milho chinesa estar relacionada à ração animal.
Entretanto, observou, a maior parte da ração é destinada à produção de outras carnes e não para aves.
Ao mesmo tempo, o fenômeno climático La Nina está dando sinais de desenvolvimento.
Esse fenômeno no passado aumentou os furacões no Atlântico ocidental, gerou seca no sul dos Estados Unidos e América do Sul e temporais na Indonésia e norte da Austrália.
“Aconteceram três fortes eventos La Nina nos últimos 35 anos”, ele disse. “Em duas dessas três ocasiões os preços agrícolas tenderam a subir.”
(Por Michael Hogan)