15/10/2008 05:10:31 – DCI
NOVA YORK – As commodities agrícolas não deverão subir no ano que vem, em vista da propagação da crise financeira norte-americana e do congelamento do crédito, que paralisam a economia mundial, disse a administradora de fundos Aisling Analytics.
Os Estados Unidos estão ingressando em sua primeira recessão prolongada puxada pelo consumidor, seguidos pela União Européia (UE), enquanto as medidas de estímulo adotadas pela China podem não ser suficientes para alimentar uma alta das commodities, disse Conor OMalley, analista da empresa, sediada em Cingapura, em conferência proferida hoje em Jinan, na China.
O Merchant Commodity Fund, de US$ 2 bilhões, administrado pela Aisling e gerido por Michael Coleman e Doug King, ex-operadores da Cargill Inc., derrotou os fundos de hedge em setembro. O fundo subiu 12%, com a queda vertical dos preços dos combustíveis e produtos agrícolas, segundo duas pessoas com conhecimento de seu desempenho, e negocia grãos, óleos vegetais, café, açúcar, borracha e combustíveis.
“Será que este é o fim do superciclo altista das commodities? A coisa não parece nada boa: não há luz no fim do túnel para o ano que vem”, disse OMalley a um público de executivos de tradings de algodão e de empresas têxteis. Mesmo assim o petróleo bruto, a soja, o milho e o trigo deram um salto pelo segundo dia consecutivo depois que os BCs mundiais inundaram o mercado de dinheiro, abrandando as condições de crédito, numa iniciativa que poderá estimular a demanda por commodities.
Os Estados Unidos enfrentam pela primeira vez uma recessão puxada pela queda do consumo, que difere das recessões anteriores, caracterizadas por “choques” externos como o que ocorreu depois da primeira Guerra do Golfo, disse OMalley. A atual recessão provavelmente será mais prolongada, disse ele.
“A crise do crédito está longe de ter sido solucionada”, e ela limitará o crescimento e tolherá os gastos no ano que vem, disse OMalley. “Temos de ver esses bancos emprestarem uns aos outros, temos de ver as taxas do interbancário cair”, caso contrário será difícil obter crédito para o setor, tanto para os produtores quanto para os investidores, disse ele.
Alguns investidores, com exceção dos gestores de fundos referenciados em índices, saíram da área de matérias-primas, desencadeando a queda das transações. Na primeira semana de outubro, quase US$ 2,5 bilhões deixaram os mercados de produtos agrícolas, na maior evasão desde janeiro de 2006.