Desempenho das importações e exportações faz Funcex rever estimativas
Nilson Brandão Junior
As trocas comerciais do Brasil com o mundo deverão somar US$ 277 bilhões este ano e ultrapassar a barreira dos US$ 300 bilhões no ano que vem. As projeções são da Fundação Centro de Estudos em Comércio Exterior (Funcex). A entidade havia previsto, no fim do ano passado, que a soma das exportações e importações brasileiras seria de US$ 255 bilhões este ano. A projeção foi revista e aumentada por conta do bom desempenho do País.
O economista da Funcex, Fernando Ribeiro, explica que as exportações estão crescendo mais que o previsto por causa do avanço nas cotações internacionais e de um crescimento ainda forte da demanda mundial. Nas importações, os maiores estímulos são o expressivo aumento do consumo interno, perto dos 7% ao ano, e por causa do câmbio valorizado, que favorece as importações.
A entidade previa, no fim de 2006, que as exportações brasileiras seriam de US$ 147 bilhões em 2007. No mês passado, já projetava vendas externas de US$ 157 bilhões e ontem divulgou a nova previsão de US$ 158,5 bilhões para este ano.
A última revisão para cima foi motivada pelos resultados mais fortes das exportações nas primeiras semanas de outubro e pelo fato de a crise imobiliária americana ter afetado menos a economia global do que o esperado.
Ribeiro estima que as vendas externas brasileiras deverão crescer ao redor de 15% este ano. O economista acrescenta que os volumes exportados este ano deverão crescer entre 5% e 6%, praticamente o mesmo do que havia sido estimado na virada do ano. A diferença é que as projeções indicavam que os preços dos produtos subiriam apenas 3% e já estão registrando expansão de 9% – praticamente o triplo das previsões iniciais.
Para as importações, a Funcex previa um valor de US$ 108 bilhões para este ano e agora projeta US$ 118,5 bilhões. Antes, a entidade previa um crescimento nas compras de produtos no exterior de 16% e agora, praticamente o dobro, perto dos 30% para este ano.
Um dos motivos da revisão é o ritmo mais intenso do crescimento da economia brasileira. No fim de 2006, as projeções para expansão do PIB ficavam entre 3,5% e 4% e agora estão entre 4,5% e 5%.
De maneira simplificada, quanto maior o crescimento de um país, maior tende a ser o avanço das importações. No Brasil, como a demanda doméstica está reforçando o crescimento da economia, a necessidade de compra de insumos e produtos no exterior é ainda maior. O que está fazendo a diferença com relação às importações é o consumo doméstico, que está aceleradíssimo, diz.
Apesar do crescimento da corrente de comércio brasileira com o resto do mundo, que deverá chegar aos US$ 300 bilhões ano que vem, o valor ainda é baixo comparado a outros países do mundo, observa Ribeiro.
O economista argumenta que as trocas internacionais de comércio do País equivalem a 25% do tamanho da economia brasileira, o que é ainda pouco, comparado a outros países.
O grau de abertura em comércio exterior do Brasil ainda é pequeno, afirma Ribeiro.