GAZETA – ES
ECONOMIA
23/10/2007
Rita Bridi
rbridi@redegazeta.com.br
Trinta e sete empresas de comercialização de café, com atuação no Espírito Santo, são suspeitas de terem sonegado, pelo menos, R$ 200 milhões em tributos federais e estão na mira da Receita Federal.
A operação “Tempo de Colheita” foi iniciada, na manhã de ontem, por 25 auditores e 15 servidores da Receita Federal, encarregados de localizar as empresas, analisar a documentação e tomar o depoimento dos sócios e empresários.
Esta é a segunda maior operação da Receita no Estado, depois da Profilaxia, realizada em novembro de 2005, informou a delegada da Receita no Estado, Laura Gadelha.
Desequilíbrio. A fiscalização, explica a delegada, foi motivada pela constatação de incompatibilidade entre a movimentação financeira das empresas – cerca de R$ 3,3 bilhões nos últimos cinco anos – e a receita declarada ou não declarada.
Os investigados, de acordo a Receita, utilizam terceiros nas operações de compra e venda de café, as chamadas empresas “laranja”, para não recolherem os tributos devidos.
Entre as fiscalizadas existem empresas com movimentação financeira anual de R$ 30 milhões que não pagaram impostos. Algumas delas, inclusive, possuem filiais em Estados vizinhos como Minas Gerais e Bahia.
As empresas suspeitas de sonegação estão localizadas em 19 municípios do Estado e, segundo a delegada da Receita, fazem operações no mercado interno. Nos levantamentos preliminares, não há indícios de que utilizem o mesmo esquema para a venda de café no mercado internacional.
O esquema prevê que a vida dessas empresas “laranja” é curta. A maior parte delas tem atuação inferior a um ano, que é o tempo necessário para compra e venda de café.
Segundo Laura Gadelha, após o período da colheita, as empresas são fechadas e reabertas no ano seguinte, novamente no período da colheita, com outros nomes. Podem operar por até três anos.
Após o encerramento da operação, as empresas que, comprovadamente, sonegaram tributos serão declaradas inaptas e não poderão mais funcionar.
Os sócios também não poderão abrir outras empresas, e os relatórios serão encaminhados ao Ministério Público.
O NÚMERO
R$ 3,3 bilhões – É a movimentação financeira, nos últimos cinco anos, das empresas de comércio de café que estão sendo investigadas pela Receita Federal. Elas teriam sonegado R$ 200 milhões em tributos federais.