OMC
A possibilidade de a Rússia entrar na OMC – Organização Mundial do Comércio a partir de 2007 tem gerado grandes expectativas entre os empresários brasileiros de verem o comércio bilateral dobrar no médio prazo. Artesanato, têxteis, serviços, máquinas e equipamentos, confecções e até combustíveis deverão encontrar caminhos mais fáceis para atingir a grande potência russa.
“Há uma perspectiva muito boa de que conseguiremos aumentar o comércio em quase 25% em 2007, chegando a US$ 5 bilhões”, afirmou o presidente da Câmara de Comércio Brasil-Rússia, Gilberto Ramos. “Com a entrada na OMC, o comércio tende a se fortalecer com a definição de regras claras de negociação”, completou.
Nos dez primeiros meses deste ano, a corrente de comércio entre os dois países chegou a US$ 3,9 bilhões (US$ 2,2 bilhões positivos para o Brasil), contra US$ 3,6 bilhões de todo o ano de 2005. O Brasil importa da Rússia fertilizantes, adubos, óleos lubrificantes e papel jornal. Com exceção do ano de 2000, a balança comercial tem sido favorável ao Brasil, que vende sobretudo açúcar, café solúvel, carnes de frango e suína, fumo e tratores.
Há uma grande concentração nesses poucos produtos da agroindústria — cerca de 96% do total — e é preocupação brasileira diversificar e sofisticar sua pauta de exportações para o mercado russo. “Com a melhoria da situação econômica na Rússia e a conseqüente expansão do seu mercado consumidor, abrem-se excelentes perspectivas para o Brasil ampliar e diversificar suas exportações para esse país”, afirmou Ramos.
Dados da balança comercial do agronegócio, divulgado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, mostram que a Rússia é o quarto maior importador dos produtos agropecuários brasileiros. Mesmo com o embargo a alguns produtos, como a carne, de janeiro a novembro desse ano os russos compraram da cadeia produtiva do agronegócio brasileiro US$ 2 bilhões e 785 milhões, um crescimento de 10% em relação ao mesmo período de 2005. Esse ano a Rússia está respondendo por 6,1% das exportações brasileiras de produtos agropecuários para o mundo.
A Rússia é individualmente o maior importador de carnes do Brasil, assim como o Brasil é o maior fornecedor de carnes para aquele país. No ano passado, os russos importaram aproximadamente US$ 555 milhões de carne bovina in natura do Brasil. Só no mês passado já foram exportados para a Federação Russa cerca de US$ 67 milhões em carne bovina in natura.
Com o fim do embargo russo aos produtos cárneos e lácteos brasileiros — anunciado no início deste mês — tradings e exportadores acham que em 2007 as vendas externas da cadeia produtiva do agronegócio brasileiro para o país governado por Vladimir Putin deverão registrar um crescimento entre 10% e 15% em relação a este ano. A Rússia também é o maior mercado para o açúcar brasileiro.
Em média a Rússia tem comprado mais do Brasil que países sul-americanos como Paraguai, Uruguai, Venezuela, Bolívia, Colômbia e Peru. “Queremos aumentar o valor agregado dos produtos que vendemos para a Rússia. Identificamos espaços para as exportações de fármacos, calçados, artigos de couro, frutas, cosméticos, produtos navais, bens de capital, petróleo, serviços de todos os tipos, e confecções femininas”, comentou Ramos.
Para o governo, existe a possibilidade real de conseguir atingir a cifra de US$ 10 bilhões até 2010 na corrente de comércio entre os dois países. O anúncio foi feito pelo ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, durante encontro com o chanceler russo, Sergei Lavrov. O chanceler brasileiro deixou clara a intenção de ampliar e diversificar a corrente bilateral de comércio, com vistas à maior participação de produtos de alto valor agregado para poder chegar ao valor almejado.
No âmbito da Europa Oriental, a Rússia é o principal parceiro comercial do Brasil, absorvendo cerca de 65% do total do comércio com aquela região. As exportações brasileiras para a Rússia, atingiram o pico de US$ 2,9 bilhões em 2005, com aumento de 75% sobre 2004 aproveitando o expressivo crescimento das importações na Rússia (128%), e devem fechar o ano entre 10% e 15%.Esse comportamento expansivo das vendas brasileiras para o país nos últimos cinco anos, posicionou a Rússia no 14º lugar entre os mercados de destino das exportações brasileiras.
Fonte: Diário do Comércio e Indústria