Comentário Semanal – de 15 a 19 de setembro de 2014
O Banco Central Americano manteve praticamente inalterado o texto que indica o aumento da taxa de juros, mas ao mesmo tempo ajustou sua perspectiva dos patamares que o custo do dinheiro estará no final de 2015 (1.375%) e no fim de 2017 (3.75%).
Com o prognóstico de que o juro real vai ficar negativo por algum tempo as bolsas de ações subiram, tendo o S&P500 atingido uma nova alta histórica. O destaque da semana foi o IPO do site chinês Alibaba, que teve seu papel valorizado em 38% no primeiro dia de negociação, e fez com que seu fundador se tornasse o maior bilionário da China com um patrimônio estimado em US$ 21.9 bilhões – em 1999 a empresa foi iniciada em sua casa com ajuda de alguns investidores que colocaram US$ 60,000.00 no projeto. O IPO fez 8,000 novos milionários na China.
Os índices de commodities cederam com a valorização do dólar, e com dados da produção industrial chinesa que aponta para um crescimento do PIB neste ano abaixo dos 7.5% que o governo tenta alcançar.
O café tomou um novo tombo caindo US$ 8.66 por saca em Nova Iorque e US$ 3.42 por saca em Londres, finalmente rompendo o patamar dos US$ 180 centavos por libra para o contrato da ICE. Os vendedores em maior parte foram especuladores que operam com base nos gráficos, e também de outros que desmancharam suas posições com o prognóstico promissor da aproximação das chuvas no Brasil.
A velocidade do movimento de baixa foi bem mais lenta do que muitos estão acostumados em função do esperado amortecimento que os comerciais deram à queda depois de pacientemente, e acertadamente (agora é fácil falar) aguardarem os preços futuros recuarem.
Se a movimentação do físico já era tímida anteriormente, com as novas baixas ficou pior. Isto porque por um lado os compradores estão com livros que os deixam tranquilos, e por outro os produtores não tem necessidade de vender nestes patamares. O vencedor deste jogo de paciência vai ser definido dependendo do volume de chuva que cair no Brasil nos próximos meses.
Entretanto na dúvida sobre a regularização das precipitações e de como as árvores vão responder (o que só poderá ser verificado no fim de novembro/começo de dezembro), a indústria demonstrou que prefere aproveitar e aumentar sua cobertura do flat-price. Prova disto foi comprovada pelo relatório do Commitments of Traders que entre os dias 9 e 16 de setembro mostrou que a posição dos comerciais absorveu praticamente toda a venda dos não-comerciais. Certamente o mesmo aconteceu na sexta-feira, e muito provavelmente acontecerá caso novas baixas aconteçam.
Claro que ainda há fatores negativos, que mais uma vez repito serem os diferenciais abertos, a arbitragem Londres/Nova York que oferece o robusta por metade do preço do arábica, os spreads largos, assim como os estoques que aumentam no destino – como o GCA informou que nos Estados Unidos estão em 6,038,503 sacas, patamar bem acima da média nesta época do ano. Tem também a proximidade da chegada de safras novas do Vietnã, Colômbia e América Central, mas estes, dadas as condições atuais, não devem ser fatores de tanta preocupação aos altistas.
O momento é delicado e a posição grande comprada dos fundos sempre deixa uma pulga atrás da orelha. Neste quesito, contudo, acredito, hoje, que a redução da posição-bruta-comprada destes participantes não deve alterar muito mais, pois ainda tem alguns meses pela frente que a incerteza favorece um potencial de alta grande. Desta forma não acho que tenhamos muito mais vendas de fundos, por ora, que pressione o contrato “C” para baixo de US$ 170 centavos.
A CONAB revisou o tamanho da safra 14/15 do Brasil aumentando em 20% o número do conilon e reduzindo em 16% o do arábica. Em valores absolutos o volume estimado no 3º levantamento ficou em 45,14 milhões de sacas, um pouco acima dos 44,57 milhões de saca anteriormente previsto.
Nova Iorque precisa segurar acima de 178.50 centavos para então buscar recompras próximo de 186.50. O fechamento da semana não foi de todo o ruim, e a média-móvel de 50 dias cruzou a de 100 dias, o que pode diminuir o ímpeto vendedor dos fundos técnicos.
Quanto à chuva, me parece que já foram desmontadas a maior parte das posições que haviam sido compradas apostando no pior, só que este argumento só saberemos se é verdade no comentário da próxima semana.
Uma boa semana e muito bons negócios a todos.
*Rodrigo Corrêa da Costa escreve este relatório sobre café semanalmente como colaborador da Archer Consulting