Com recursos de entidade europeia, IAC-Quepia inicia pesquisa inédita sobre resíduos de agroquímicos em EPI

Estudo investigará eficácia de matérias-primas empregadas na confecção de vestimentas de proteção para impedir exposição do trabalhador a agroquímicos

18 de fevereiro de 2019 | Sem comentários Artigos Técnicos Tecnologias

Jundiaí (SP) – Um trabalho científico de alta relevância para o agronegócio começa hoje no laboratório avançado do programa IAC-Quepia, na cidade paulista de Jundiaí. A cargo do pesquisador Hamilton Ramos, o estudo investiga parâmetros de segurança e qualidade de vestimentas de proteção agrícola. A iniciativa revelará em que medida esses equipamentos, vendidos em todo o mundo, retêm agroquímicos, e também qual a melhor forma de descartá-los ao final do prazo de validade.

Financiada com recursos a fundo perdido da entidade francesa UIPP – Union des Industries de la Protection des Plantes -, a pesquisa conta com a participação da acadêmica Anugrah Shaw, da Universidade de Maryland (EUA). Ela chega ao País nesta terça, 12 e se junta a Ramos com a meta concluir o estudo no prazo de um ano.

Shaw tornou-se conhecida no Brasil por ter sido coautora de um estudo que propõe alterações na norma internacional ISO aplicada a equipamentos de proteção individual para a agricultura – trabalho igualmente empreendido em parceria com o cientista Hamilton Ramos. O brasileiro é o coordenador do programa IAC-Quepia e pesquisador científico do Centro de Engenharia e Automação do Instituto Agronômico (CEA-IAC), órgão da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de SP.

“Por mais modernidade que haja hoje na agricultura global, ainda não se sabe ao certo o que fazer com vestimentas protetivas após o vencimento da validade”, revela Ramos. “Conhecer fraquezas e fortalezas de matérias-primas utilizadas na fabricação desses produtos, e também os produtos que funcionam a contento, trará ganhos de sustentabilidade a países agrícolas e ajudará a reduzir a exposição do trabalhador rural a agentes químicos em todo o mundo”, diz Ramos.

“Ao final do estudo saberemos, por exemplo, se vestimentas usadas no Brasil e em outros países devem ser descartadas como lixo comum ou tóxico, ou se não há necessidade de descarte. Parece incrível, mas essa checagem ainda não foi feita, sob o prisma científico, em nenhum lugar”, continua ele.

Membro efetivo do Consórcio Internacional de Qualidade de Equipamentos de Proteção na Agricultura, formado por 10 países, Ramos enfatiza que a nova pesquisa deverá, no futuro próximo, fornecer a base para a adoção de um novo padrão mundial de testes envolvendo a segurança e a qualidade das vestimentas de proteção agrícola.

“O objetivo é exportar conhecimento e debater continuamente com pesquisadores de outros países alternativas tecnológicas que reduzam a exposição do trabalhador rural aos agroquímicos”, afirma o pesquisador.

O programa Quepia completa 13 anos em 2019. A iniciativa une o CEA-IAC à indústria brasileira de vestimentas protetivas, que financia a maior parte dos estudos científicos empreendidos no projeto.

Segundo Ramos, a francesa UIPP está bancando parte da nova pesquisa por ter interesse no compartilhamento do conhecimento gerado pela iniciativa brasileira no âmbito dos principais países agrícolas europeus.

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