Com o início da colheita os preços do café seguem em baixa


 

Com o início da colheita em parte das regiões produtoras, e a defasagem cambial, os preços do café registraram mais uma baixa no mês de abril. Em média, os valores pagos aos produtores acumulam queda de cerca de 25% nos últimos 12 meses, segundo levantamento do Conselho Nacional do Café (CNC). O valor é superior à diferença no câmbio, que foi de aproximadamente 17% no mesmo período. Apenas onde há cultivo do café tipo conillon as cotações registraram alta entre abril de 2005 e deste ano. Em todas as regiões analisadas, o preço médio está próximo ou abaixo do custo de produção.

Um dos motivos apontados para a queda nos preços praticados internamente é a safra até 23% superior à anterior. Segundo levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o País está colhendo 40,6 milhões de sacas (60 quilos). Mas, além disso, há o fator cambial. Em 12 meses, o real se valorizou 17% em relação ao dólar e apenas entre janeiro e abril deste ano chegou a 10%.

“Estamos preocupados com a situação dos produtores”, diz Maurício Miarelli, presidente do CNC. Isso porque parte das dívidas roladas do Funcafé vence neste ano e, até o momento, apesar de já iniciada a colheita em algumas regiões, ainda não saíram os recursos de financiamento. “Isso pode fazer com que os cafeicultores tenham de vender o produto para pagar seus compromissos, pressionando ainda mais os preços”, avalia.

Pela primeira vez o governo anunciou todo o volume de recursos para o Funcafé neste ano: R$ 1,57 bilhão, conforme solicitação do Plano de Safra de 24 meses para o setor. No entanto, como não foi publicado o Orçamento Geral da União, os valores ainda não estão disponíveis nas instituições financeiras.

A colheita do café robusta começa avançar no Espírito Santo, principal produtor brasileiro desse tipo de grão, e em Rondônia.

Já a safra de café arábica entra a partir da segunda quinzena de maio na maioria dos estados produtores.

Por causa da defasagem cambial, os preços estão muito próximos aos custos de produção. Parte dos investimentos para a safra atual foram feitos com o dólar cotado a R$ 3. Atualmente, a moeda americana vale R$ 2,05. Com isso, no Sul de Minas Gerais, o café foi comercializado, em média, a R$ 250 a saca (60 quilos) no mês passado. Para um custo estimado em R$ 230, segundo a Conab (calculado para uma produtividade de 25 sacas por hectare, acima da média nacional, que é de 19 sacas por hectare).  Considerando os impostos e taxas, o produtor está obtendo um rendimento de praticamente R$ 10 por saca.

Em relação a março, os preços do café arábica caíram entre 2% e 7,6%, dependendo da região. Por sua vez, os do café conillon registraram queda de 4,5%.

Preços do Café






















Região


Variação média em abril* (em %)


Sul de MG


– 26,7


Cerrado


 – 27,2


Sul de SP


– 20,4


São Paulo


 – 26,1


Espírito Santo**


 + 13,3


* Em comparação com abril de 2005


** Café conilon


Fonte: Cooperativas associadas ao CNC e Mercado


 


Conselho Nacional do Café


Telefone: 11- 3284- 6800


E-mail. cnc_br@uol.com.br

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