Inclusão em: 16/10/2003
Categoria: Mercado
Inclusão em: 16/10/2003 Categoria: Mercado |
Equipamentos puxam vendas de café especial, pois processo requer um produto melhor. A onda de café especial nasce com a popularização das máquinas de expresso italianas e com a disseminação de redes de varejo como Starbucks, na década de 90. Enquanto o consumo de café comum está estacionado, o mercado de café especial cresce a impressionantes 15% ao ano. Nos Estados Unidos, o café expresso já detém mais de 20% do mercado. “Qualquer bar ou restaurante que se preze tem sua máquina de café expresso”, diz o presidente da Brazilian Specialty Coffee Association (BSCA), Marcelo Vieira. As máquinas de expresso puxaram as vendas de café especial pois o processo exige um café de melhor qualidade. “Se o café for de má qualidade, o sistema expresso vai realçar os defeitos”, explica Vieira. Maior produtor mundial de café, o Brasil exportou só 500 mil sacas de café especial no ano passado – equivalente a menos de 2% das nossas exportações. A exportação de café especial industrializado ainda é marginal. As estatísticas sobre o consumo de café especial no Brasil ainda são escassas. A BSCA estima, contudo, que o mercado cresce às mesmas taxas do mercado internacional. Já o consumo de café comum caiu no último ano, ficando abaixo do crescimento populacional. Um estudo realizado pelo Instituto de Economia Agrícola (IEA) da Secretaria de Agricultura do Estado de São Paulo publicado no início de 2002 mostra que o paulistano consumiu 250 milhões de xícaras de expresso em 2001. Já o número de estabelecimentos especializados, como cafeterias e quiosques com máquinas de expresso tem crescido a uma taxa de 30% ao ano. “Como não existe máquina de expresso nacional, o preço das máquinas é um gargalo que impede um crescimento ainda maior deste setor”, diz o pesquisador do IEA, Celso Vegro. A pesquisa mostrou ainda que o consumidor de expresso é um público altamente qualificado, acima de 30 anos de idade, com renda de 10 salários mínimos para cima e alto nível de escolaridade. O presidente da BSCA estima que o mercado brasileiro de café especial deve “explodir” nos próximos dois ou três anos, com o brasileiro passando a consumir volume equivalente ao total exportado hoje. A BSCA é uma das principais responsáveis por elevar o nível do café especial brasileiro, certificando fazendas e produtos industrializados. Das 220 mil fazendas do País, 41 são associadas da BSCA. Outras três estão em vias de entrar para o clube, que deverá atingir a marca de 50 associados até o fim do ano. Para se associar, a fazenda tem de cumprir inúmeras exigências, tanto em relação à qualidade do café, quanto em relação às práticas ambientais e sociais. Se a fazenda quiser pôr o certificado da BSCA no produto industrializado, cada lote precisa passar por testes rigorosos de degustação. Além de promover o café especial no exterior, a BSCA promove concursos cursos de qualidade. A quinta edição do concurso será em novembro, durante o 2.º Encontro Brasileiro de Cafés Especiais, em São Paulo. No evento, serão realizados também workshops sobre como montar cafeterias, em parceria com o Sebrae. “O mercado brasileiro tem um enorme potencial, mas precisa ser muito trabalhado”, diz Vieira. “Durante muitos e muitos anos a gente ficou com o pior café. Muita gente não sabe o que é um café de qualidade.” (M.B.) Matéria publicada no “O Estado de São Paulo” em 1 de setembro de 2003 |