Com atraso, Brasil paga só parte de dívida com a OIC

02 out 2015


Segundo o deputado Evair Melo (PV-ES), auditores da OIC já avisaram que não aceitarão o pagamento parcial da dívida
O Brasil pagou ontem, com atraso, apenas uma parte da taxa anual de 382 mil libras, o equivalente a R$ 2,3 milhões pelo câmbio atual, devida à Organização Internacional do Café (OIC). O prazo final para pagar a dívida venceu na quarta-feira e ontem o país pagou R$ 1,7 milhão à entidade. O atraso no pagamento foi motivado por cortes orçamentários feitos pelo Executivo, em meio ao ajuste fiscal das contas públicas.


A OIC foi informada ontem do pagamento parcial e já avalia tirar o direito do Brasil a voto nas discussões da segunda reunião da entidade neste ano, disse ao Valor o deputado Evair de Melo (PV-ES), que também é integrante do Conselho Nacional do Café (CNC) e está presente no encontro anual da instituição, que acontece desde quarta-feira em Milão e termina hoje.


“O Brasil pagou apenas 70% da dívida, mas faltaram cerca de 100 mil libras [cerca de R$ 600 mil]. Os auditores da OIC já disseram que não vão aceitar e avisaram o Conselho”, afirmou o deputado Evair de Melo. “E temos informação de que o governo brasileiro também não vai pagar o restante.”


Procurado, o Ministério da Agricultura, que intermediou as negociações, explicou por meio de sua assessoria de imprensa que a parcela foi paga em valor inferior ao da quantia devida em função de variação cambial no período entre as negociações e o pagamento de fato.


A Pasta não informou qual foi o câmbio utilizado pelo governo para chegar ao valor de R$ 1,7 milhão. Na quarta-feira, no entanto, quando foi feita a ordem de pagamento, o real estava mais desvalorizado em relação à libra esterlina, atualmente em R$ 6,04, justificou o ministério.


O ministério ainda informou que essa quantia foi quitada pelo Ministério do Planejamento, teoricamente responsável pelo pagamento, mas futuramente será descontada do limite orçamentário da Agricultura. “O Ministério da Agricultura fez um grande esforço em favor da cafeicultura nacional”, completou.


O deputado Melo acrescentou que o embaixador brasileiro em Londres, Frederico Arruda, vem se esforçando nos últimos dias para “reduzir as retaliações da OIC ao país”, e que ainda não é certa a exclusão do Brasil do direito de votar, das comissões e da presidência do conselho dos países produtores. Mas destacou que essas questões já estão sendo avaliadas pela OIC, presidida pelo brasileiro Robério Silva.


Ontem pela manhã, houve uma reunião entre a diretoria da instituição e representantes da cadeia produtiva do café no Brasil para tratar do tema. A reportagem tentou contato com o presidente da OIC, mas ele não retornou as ligações.


“O Brasil pode perder todos esses direitos e possivelmente também perder a recondução do Robério ao cargo, mas vamos decidir conjuntamente amanhã pela manhã [hoje]”, avaliou o deputado.


Robério Silva está à frente do posto desde 2011, após intensa campanha do governo brasileiro, que adotava à época uma política de protagonismo em organizações internacionais. Seu mandato expira em setembro de 2016.


Por Cristiano Zaia | De Brasília
Fonte : Valor

Mais Notícias

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.

Com atraso, Brasil paga só parte de dívida com a OIC

Por: Rede Social do Café

Publicado em: 02 out 2015


Segundo o deputado Evair Melo (PV-ES), auditores da OIC já avisaram que não aceitarão o pagamento parcial da dívida

O Brasil pagou ontem, com atraso, apenas uma parte da taxa anual de 382 mil libras, o equivalente a R$ 2,3 milhões pelo câmbio atual, devida à Organização Internacional do Café (OIC). O prazo final para pagar a dívida venceu na quarta-feira e ontem o país pagou R$ 1,7 milhão à entidade. O atraso no pagamento foi motivado por cortes orçamentários feitos pelo Executivo, em meio ao ajuste fiscal das contas públicas.


A OIC foi informada ontem do pagamento parcial e já avalia tirar o direito do Brasil a voto nas discussões da segunda reunião da entidade neste ano, disse ao Valor o deputado Evair de Melo (PV-ES), que também é integrante do Conselho Nacional do Café (CNC) e está presente no encontro anual da instituição, que acontece desde quarta-feira em Milão e termina hoje.


“O Brasil pagou apenas 70% da dívida, mas faltaram cerca de 100 mil libras [cerca de R$ 600 mil]. Os auditores da OIC já disseram que não vão aceitar e avisaram o Conselho”, afirmou o deputado Evair de Melo. “E temos informação de que o governo brasileiro também não vai pagar o restante.”


Procurado, o Ministério da Agricultura, que intermediou as negociações, explicou por meio de sua assessoria de imprensa que a parcela foi paga em valor inferior ao da quantia devida em função de variação cambial no período entre as negociações e o pagamento de fato.


A Pasta não informou qual foi o câmbio utilizado pelo governo para chegar ao valor de R$ 1,7 milhão. Na quarta-feira, no entanto, quando foi feita a ordem de pagamento, o real estava mais desvalorizado em relação à libra esterlina, atualmente em R$ 6,04, justificou o ministério.


O ministério ainda informou que essa quantia foi quitada pelo Ministério do Planejamento, teoricamente responsável pelo pagamento, mas futuramente será descontada do limite orçamentário da Agricultura. “O Ministério da Agricultura fez um grande esforço em favor da cafeicultura nacional”, completou.


O deputado Melo acrescentou que o embaixador brasileiro em Londres, Frederico Arruda, vem se esforçando nos últimos dias para “reduzir as retaliações da OIC ao país”, e que ainda não é certa a exclusão do Brasil do direito de votar, das comissões e da presidência do conselho dos países produtores. Mas destacou que essas questões já estão sendo avaliadas pela OIC, presidida pelo brasileiro Robério Silva.


Ontem pela manhã, houve uma reunião entre a diretoria da instituição e representantes da cadeia produtiva do café no Brasil para tratar do tema. A reportagem tentou contato com o presidente da OIC, mas ele não retornou as ligações.


“O Brasil pode perder todos esses direitos e possivelmente também perder a recondução do Robério ao cargo, mas vamos decidir conjuntamente amanhã pela manhã [hoje]”, avaliou o deputado.


Robério Silva está à frente do posto desde 2011, após intensa campanha do governo brasileiro, que adotava à época uma política de protagonismo em organizações internacionais. Seu mandato expira em setembro de 2016.


Por Cristiano Zaia | De Brasília
Fonte : Valor

Mais Notícias

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.