Com alta nos preços de alimentos, IGP-M sobe 0,28%

31 de outubro de 2014 | Sem comentários Análise de Mercado Mercado
Por: Valor Econômico

31/10/14


O Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) de outubro ficou acima do esperado. A alta de 0,28% foi causada por uma aceleração maior do que o previsto dos alimentos in natura, mantendo a tendência de descolamento entre os preços ao atacado e ao consumidor. No acumulado do ano, o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) está em 6,82%, acima do teto de 6,5% da meta perseguida pelo BC. O resultado coloca maior pressão no reajuste para os combustíveis, que podem ser os responsáveis pelo índice estourar ou não o teto da meta.


A variação em outubro ficou acima da média estimada por 15 instituições financeiras e consultorias ouvidas pelo Valor Data, que apontava alta de 0,19%. Também ficou acima do teto das estimativas, que iam de alta de 0,10% a 0,25%. Em setembro, o IGP-M havia registrado alta de 0,20%.


No acumulado do ano até outubro, o indicador subiu 2,05% e, em 12 meses, avançou 2,96%. O índice é calculado com base nos preços coletados entre os dias 21 do mês anterior e 20 do mês de referência.


A alta deste mês foi puxada pelos três subíndices que compõem o IGP-M: atacado, varejo e construção civil. No atacado, o Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA) – que responde por 60% dos IGPs – subiu 0,23% em outubro, ante 0,13% em setembro. Enquanto os produtos agropecuários passaram de alta de 0,10% para 0,90%, os industriais saíram de avanço de 0,14% para queda de 0,01%. Os maiores responsáveis pelo aumento da inflação no atacado foram o café em grão (3,36% para 7%), as aves (2,36% para 3,97%), a laranja (8,08% para 10,47%) e o tomate (-11,55% para 25,41%).


No varejo, o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) subiu 0,46% em outubro, ante 0,42% em setembro. Quatro das oito classes de despesa componentes do índice registraram taxas mais altas. A principal contribuição partiu do grupo alimentação (0,40% para 0,63%), em que se destacaram as hortaliças e legumes, que saíram de deflação de 6,85% para alta de 2,36%.


Na visão de Salomão Quadros, superintendente de inflação da FGV/Ibre, os alimentos in natura aceleraram mais do que o esperado. “Mas esse grupo é o que surpreende normalmente, pois os preços têm grandes variações. O preço do tomate, por exemplo, estava acelerando na medição semanal, mas cresceu ainda mais na última semana”, afirma.


No caso do café, o economista diz que a perspectiva de uma seca mais forte do que o esperado pode ter pressionado as cotações. “O mercado busca antecipar as tendências. O produtor vê que pode faltar água. Com isso a colheita é menor, o grão fica mais leve. Ele tende a precificar isso”, diz.


A desvalorização cambial ocorrida em outubro não afetou o indicador, já que houve queda na cotação em outubro das principais commodities com preços fixados no mercado internacional. Os empresários, segundo Quadros, estão esperando para ver qual o novo patamar o dólar antes de repassar aumentos de custos aos preços.


Para Quadros, o reajuste da gasolina e do diesel neste fim de ano deve ser decisivo para a inflação de 2014 estourar ou não o teto da meta. Estima-se que a Petrobras deve definir hoje um aumento de 4,5% até 5% no preço da gasolina. O último reajuste, de 4% nas refinarias, ocorreu em novembro do ano passado. Na ocasião, o diesel subiu 8%.


“O quanto o IPC vai crescer depende dos combustíveis. São eles que vão definir se o indicador fecha o ano mais perto de 7% ou se volta para 6,5%. Se o reajuste ficar em linha com o de 2013, não haverá espaço para o IPC desacelerar no fim do ano”, afirma Quadros. Além disso, ele considera que haverá uma “trajetória discreta de retomada” dos preços dos produtos com maior peso no IPC nos próximos dois meses.

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