Grupos da indústria de café da Colômbia e da América Central vêm criticando a proposta de incluir o café cereja descascado do Brasil, lavado ou semilavado, entre os habilitados para entrega na bolsa americana ICE Futures US, em Nova York. A Colômbia, que é o maior produtor mundial desse tipo de café, considera que, se a mudança for adotada, os preços do café cairão na ICE – conhecido como contrato \”C\”.
O clima ruim e as pragas que atingiram as lavouras de café colombianas nos últimos dois anos provocaram uma falta de grãos de qualidade, resultando em valorização de 19% da commodity no mercado futuro desde 7 de junho. Os cafeicultores do Brasil, maior produtor mundial, vêm ocupando este espaço. O País deve ter uma volumosa safra em 2010/11 e, de acordo com estimativas do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), a produção de café arábica será elevada em 27% ante a temporada anterior.
O tipo arábica é considerado de melhor qualidade que o robusta. De acordo com o presidente da Federação de Café Colombiana, Juan Esteban Orduz, \”o contrato C será inundado por café brasileiro e isso derrubaria o preço do contrato como um todo\”. Ele entende que o contrato passaria ser mais uma referência do café brasileiro do que do café da América Central. De modo geral, o café brasileiro é de qualidade inferior ao da América Central.
O tema vem sendo discutido com mais intensidade nas últimas semanas, especialmente por causa da quebra na safra colombiana. Em 15 de junho, venceu o prazo de consulta pública da ICE, cabendo agora à bolsa analisar as posições. Se a ICE aprovar mudanças, elas ainda precisam ser confirmadas pela Comissão de Comércio de Futuros de Commodities dos Estados Unidos (CFTC, na sigla em inglês) e só valeriam a partir do último vencimento com contratos em aberto, que atualmente é março de 2013.
O presidente da associação nacional de café da Guatemala (Anacafé), Ricardo Villanueva, acredita que a maior oferta de café lavado teria duros efeitos sobre o pequeno produtor do país. O café é o principal produto de exportação da Guatemala, sendo 50% produzido por pequenos cafeicultores. Segundo Villanueva, eles seriam forçados a trabalhar no cultivo de produtos ilegais, como maconha e coca, para compensar o baixo lucro do café. As informações são da Dow Jones.