Por Luis Jaime Acosta
BOGOTÁ, 4 de maio (Reuters) – A crise financeira global começou a afetar a demanda por cafés mais caros e produtos relacionados no varejo, à medida em que os consumidores reduzem gastos, disse o diretor da Federação Nacional de Produtores de Café da Colômbia.
Gabriel Silva afirmou, no entanto, que o mercado global de café continua registrando déficit, que tem conduzido para cima os prêmios para os cafés mais demandados, como muitos dos arábicas produzidos na Colômbia, o terceiro maior exportador de café do mundo.
“Nós estamos vendo uma mudança no consumo de café, com a fuga de produtos de alto valor para outros cafés mais acessíveis, mas ainda assim de qualidade”, disse Silva durante o Reuters Latin American Investment Summit.
“Agora nós estamos vendo um aumento do café preparado em casa, isso significa que o consumo está se movendo da loja para a casa”.
Os prêmios de grãos como os da Colômbia têm apresentado fortes altas devido à escassez de oferta, mas Silva disse esperar que a situação se normalize no segundo semestre deste ano, quando a produção de alguns dos principais exportadores deve retornar para médias históricas.
A produção de café na Colômbia, o maior exportador depois de Brasil e Vietnã, caiu 9 por cento em 2008 por conta das condições climáticas desfavoráveis e do programa de substituição de árvores velhas por outras novas, mais produtivas. Mas a Colômbia continua com a meta de chegar à produção de 17 milhões de sacas de 60 quilos até 2014.
Silva disse esperar que a oferta de café na Colômbia comece a se normalizar após julho e que a produção para o ano deveria ficar entre 11,5 milhões e 11,9 milhões de sacas, de acordo com estimativas preliminares.
A queda da produção de café colombiana foi compensada pela depreciação da moeda local contra o dólar. O peso colombiano desvalorizou-se em 29,5 por cento nos últimos 12 meses contra a moeda norte-americana.
“CAVALOS A POSTOS NAS BAIAS”
O diretor evitou detalhar a proposta da federação, junto com o Brasil e organizações de café da América Central, para comprar uma parte da gigante norte-americana Starbucks <SBUX.O>. Mas o acordo depende do preço da ação.
“Estamos nos preparando para realizar uma transação que irá rsultar em uma relevante fatia na Starbucks e nós temos, como se diz em termos de corrida, todos os cavalos a postos nas baias”, disse Silva.
“O que acontece é que a reação do mercado foi mais rápida do que nossos consultores estimavam”.
Silva disse acreditar que a atual crise oferece aos negócios a oportunidade atingir a demanda dos países mais pobres em vez de esperar o retorno do consumo dos EUA, que foi inflado pelas condições favoráveis de crédito anteriores.
“O que nós temos de fazer? Trazer outros consumidores que não têm medo e têm necessidades. Nós temos de integrar o mercado consumidor com o mundo dos pobres”, disse ele. “A verdadeira demanda na economia mundial virá desses países e isso requer a promoção de uma transformação social”.
(Reportagem de Luis Jaime Acosta)