Segundo matéria do jornalista Roberto Tenório, do jornal Gazeta Mercantil, a Colômbia — terceiro maior produtor mundial de café — deverá colher sua menor safra desde 2001 neste ano, fato que deve elevar os preços no mercado internacional. A Associação Nacional de Exportadores Colombianos de Café explicou que a quebra deve ocorrer em função de as lavouras terem sido afetadas pelo alto volume de chuvas.
De acordo com Jorge Lozano, presidente da entidade, a produção colombiana deverá cair pelo menos 4,3%, para 11 milhões de sacas de 60 kg, em relação às 11,5 milhões de sacas do ano passado. A Associação representa as empresas responsáveis pela comercialização externa de cerca de 60% do café do país. “Os dados mostram uma redução significativa”, disse ele, ontem, em entrevista concedida Bloomberg, conforme reprodução da Gazeta. “Onze milhões será um milagre”, completou.
Seguindo a redução na produção, as exportações de café da Colômbia não deverão ultrapassar 10 milhões de sacas, contra um volume de 11,1 milhões de sacas do ano passado. Lozano argumentou que a queda da safra colombiana, o maior produtor mundial depois de Brasil e Vietnã, contribuiu para desencadear um salto de 22% nos preços do café este ano. Seguindo essa linha, o presidente da Associação projetou que as cotações deverão subir conforme a demanda mundial ultrapasse a oferta, ainda este ano. “Não há estoques governamentais na Colômbia”, lembrou.
A produção de café nesse país sul-americano despencou 61%, para 345.000 sacas, em abril, no comparativo com o mesmo mês do ano passado, devido ao clima chuvoso e a um programa de renovação dos cafezais velhos. As precipitações alcançaram mais que o dobro da média dos níveis históricos em algumas regiões da Colômbia no ano passado e, no primeiro trimestre de 2009, até se atenuarem em abril.
O OUTRO LADO — De acordo com a Federacafé (Federação Nacional de Cafeicultores da Colômbia), esse declínio produtivo já era esperado. “Os números de abril confirmaram a tese da Federação no sentido de que o inverno, a baixa fertilização e a renovação dos cafezais tiveram um forte impacto na produção dos primeiros meses do ano”, disse, em informe, a entidade.
Mesmo assim, a Federação mantém inalterada sua projeção de 10,5 milhões a 11,5 milhões de sacas a serem colhidas este ano na Colômbia. “O otimismo tem sua explicação no melhor comportamento do clima, o qual tem permitido boas floradas em várias regiões produtoras. (…) Além disso, cresceu a demanda por fertilizantes devido a programas como o Fertifuturo, que facilitam o acesso a recursos sem encargos financeiros”.
A Federacafé informou, também, que ocorreu um crescimento de 14% na comercialização de insumos no acumulado deste ano frente a idêntico intervalo de 2008. “Esses fatores nos fazem crer que 2009 será o ano da normalização”, previu a Federação, fazendo menção à recuperação dos volumes produzidos pelo País no passado recente, mais especificamente antes do início do programa de renovação, quando os colombianos produziam cerca de 13 milhões de sacas ao ano.