Comentário Semanal – de 14 a 18 de julho de 2014
Os principais mercados acionários encerraram a semana com leve alta ajudados pela recuperação dos papéis do setor bancário europeu, e pelas declarações da presidente do FED ao congresso de que ainda é apropriado manter a política monetária expansionista nos Estados Unidos.
Na quinta-feira, após um avião comercial com 298 pessoas ser abatido no leste da Ucrânia por um míssil lançado, acredita-se, por rebeldes na região que luta por sua independência, as bolsas ao redor do mundo caíram forte. Na sexta-feira, entretanto, houve uma recuperação acentuada dos índices de ações nos Estados Unidos e estabilização na Europa.
As commodities em sua maioria cederam, com os grãos sendo os maiores perdedores – exceção ao trigo que é produzido em grande volume na Rússia. Entre as ganhadoras o café arábica liderou com alta de 7.39%, ou US$ 15.54 por saca, seguido pelo suco de laranja (+5.79%) e o trigo (+3.40%).
O desempenho do contrato de Nova Iorque vinha sendo de consolidação, próximo das mínimas recentes, até a forte alta que aconteceu nos últimos 50 minutos da semana, justamente depois do fechamento do mercado Londrino – pobre de quem tinha exposição na arbitragem.
O movimento foi provocado pela cobertura de parte da nova posição short dos fundos, que no acumulado até terça-feira tinham vendido 3,238 lotes. O número, demonstrado no COT, veio acompanhado também de novas compras de comerciais, que aproveitaram a queda para comprar 1,798,240 sacas durante o período entre 9 e 15 de julho.
O mercado físico que estava travado deve ficar mais ativo a partir de segunda-feira – assumindo que a bolsa não devolva tudo o que ganhou. Por outro lado já foi possível perceber interesse maior de venda a partir dos atuais patamares de preço, e com a diminuição da margem inicial requerida pela bolsa, vai ajudar a baixar o teto do atual intervalo de negociação para 160 a 180 centavos por libra-peso.
Fundamentalmente foi interessante um relatório apontando a renovação do parque colombiano que até agora foi de 60% dos 575,000 hectares plantados. Entre as 3,05 bilhões de árvores replantadas, 74% são de variedades resistentes à ferrugem – a maior parte “castillo”. O plano implantado há alguns anos reduziu a média da idade dos cafezais de 12.4 anos para 7.3 anos, e com o adensamento a produtividade subiu de 11.5 sacas por hectare, para 14.5 hectare. Se tudo continuar dando certo, não seria surpresa a Colômbia logo produzir os 15 milhões de sacas que tem como objetivo, e eventualmente voltar ao recorde de 18.5 milhões que o país produzia no começo dos anos 90.
No Brasil, com a colheita avançada, em breve novas estatísticas devem ser divulgadas sobre a produtividade final da safra. Os números podem ser a próxima novidade para o ajuste de posições dos participantes no mercado futuro, ainda que o fator mais importante seja as chuvas a partir do final de agosto, e a florada em outubro.
Os diferenciais do robusta estão começando a ceder, e com a proximidade do fim do ramadã (dia 28 de julho), a continuação das férias de verão no hemisfério norte, e estarmos apenas a dois meses e meio do começo da safra vietnamita, a notícia não é muito boa – razão do terminal estar perdendo força. A estrutura do mercado londrino inclusive enfraqueceu, apesar do alto número de contratos em aberto do contrato de setembro que está em entrega e que tem um volume de certificados incompatível, por ora.
O “C” precisa ter sequência da alta na segunda-feira, e se manter acima de 170 centavos para não atrair novas vendas. Um fechamento acima de 175.40 pode encorajar novas compras especulativas, que então deve fazer o mercado testar os 180 centavos, aonde acredito que deve aparecer bastante vendedor.
Boa semana e muito bons negócios a todos.
*Rodrigo Corrêa da Costa escreve este relatório sobre café semanalmente como colaborador da Archer Consulting