China produz atualmente 2 milhões de sacas anuais e pretende atingir 8 milhões no final da década de 2030
A produção de café arábica da Colômbia aumentou em torno de 90% em apenas quatro safras seguidas, pois passou de 7,6 milhões de sacas de 60kg da safra 2011/2012 para 14,6 milhões na safra 2016/2017. Esse resultado positivo do aumento expressivo da produção é atribuído diretamente a um programa bem-sucedido de renovação das lavouras, implementado e apoiado pelo governo colombiano. Referido programa está garantindo recursos financeiros para que o país renove mais 100 mil hectares de café até 2024. Com isso, a produção colombiana deverá atingir 18 milhões de sacas brevemente. Até o momento o país já renovou 700 mil hectares de suas lavouras de café, no período de 2009 a 2017, cuja área total cultivada está estimada em 900 mil hectares.
Nesse contexto da cafeicultura colombiana, fato interessante é que o cultivo do café também se tornou uma oportunidade de renda para os vizinhos venezuelanos, os quais têm buscado trabalho principalmente na época da colheita. No departamento de Risaralda, por exemplo, um dos mais importantes produtores de café da Colômbia, muitos venezuelanos trabalharam na colheita em 2017. A chegada desses trabalhadores estrangeiros tem sido considerada positiva pela Federação Colombiana dos Cafeicultores, a qual calcula que o país possui um déficit aproximado de 60 mil trabalhadores no período da colheita do café. Do ponto de vista político-administrativo, a Colômbia é dividida em 32 departamentos – como se fossem estados – mais o distrito da capital do país.
Esses dados e análises da cafeicultura da Colômbia, entre vários outros, constam do Relatório Internacional de Tendências do Café (VOL. 6/Nº 12/MARÇO 2018), do Bureau de Inteligência Competitiva do Café, que está disponível na íntegra no Observatório do Café do Consórcio Pesquisa Café, coordenado pela Embrapa Café. Com relação ainda à produção de café na América do Sul, o Bureau também menciona que o Brasil manteve sua tradicional liderança mundial nas exportações de café, apesar de problemas climáticos ocorridos no país que afetaram diversas regiões produtoras a partir de 2014. Nesse sentido, também salienta que a pesquisa brasileira continua desenvolvendo novas tecnologias para todas as etapas de produção e manejo do café e, ainda, que a mecanização ganha espaço e, adicionalmente, que a internet tem ajudado os produtores a se manterem informados sobre a cafeicultura.
O Relatório Internacional de Tendências do Café, ao abordar a produção de café na Ásia, ressalta que o Vietnã mantém tendência de aumento da produção e exportação de café robusta. Em contraponto, que o envelhecimento das lavouras poderá causar problemas na próxima década, o que tem motivado o governo vietnamita a também desenvolver programas para viabilizar a renovação da sua lavoura. Como a tradição do país é produzir café robusta para o abastecimento da indústria mundial de café solúvel – produto cujo consumo cresce a cada ano -, as autoridades vietnamitas querem que o país exporte mais café com valor agregado, principalmente solúvel, torrado e moído. Para o Bureau, esse país continuará ainda sendo o principal concorrente brasileiro por um bom tempo devido a sua localização estratégica, a qual facilita atender à crescente demanda da Ásia, região com maior potencial de crescimento do consumo nas próximas décadas.
O Relatório Internacional de Tendências do Café também traz como destaque que a China deverá se despontar brevemente como grande produtora de café arábica. Para isso tem contado com o apoio do governo e também de empresas do setor por meio da concessão de subsídios e ações de assistência técnica e extensão rural. Ao mesmo tempo, o país trabalha para criar uma forte presença global com a criação da Associação de Café da Ásia, além da construção de um porto seco que o ligará por via férrea os principais mercados da Europa. E, adicionalmente, no campo da promoção e marketing, a China tem realizado grandes eventos internacionais relacionados ao café.
Por fim, o Bureau salienta que a produção de café na China se encontra atualmente na faixa de 2 milhões de sacas anuais, com potencial para chegar a 4 milhões nos próximos anos e, talvez, 8 milhões no final da década de 2030. Com isso, o país compensa parte do aumento do seu consumo interno, a despeito de que a maior parte da produção do café arábica chinês atualmente ser exportada, ao mesmo tempo em que importa robusta para o mercado interno. Esse cenário, sob certos aspectos, é ruim para o Brasil, já que não há uma grande demanda por arábica na China e, mais que isso, o gigante asiático poderá se tornar um concorrente no mercado europeu ao transportar café por meio de trens. Potencialmente, trata-se de um país capaz de alterar o atual cenário da produção de café no mundo nas próximas décadas.
Por fim, recomendamos que acessem o link abaixo o qual contém na íntegra o Relatório Internacional de Tendências do Café (VOL. 6/Nº 12/MARÇO 2018), do Bureau de Inteligência Competitiva do Café. http://www.consorciopesquisacafe.com.br/arquivos/consorcio/publicacoes_tecnicas/Relatorio_v6_n_12.pdf
Fonte: Embrapa Café